Prevalência de anormalidades de condução no eletrocardiograma de pacientes em diálise: um estudo comparativo

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. J. Nephrol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-12

RESUMO

RESUMO Introdução: O eletrocardiograma (ECG) pode auxiliar na identificação de pacientes com doença renal crônica (DRC) e alto risco para doenças cardiovasculares. Estudos de coorte descrevem anormalidades no ECG de pacientes em hemodiálise (HD), mas não encontramos dados comparando anormalidades no ECG entre pacientes com função renal normal ou aqueles em diálise peritoneal (DP), com aqueles em hemodiálise. Nossa hipótese foi de que as anormalidades de condução no ECG seriam mais comuns, e o intervalo de condução cardíaca seria mais longo entre os pacientes em hemodiálise comparados àqueles em diálise peritoneal e DRC 1 ou 2. Métodos: revisão retrospectiva dos prontuários de pacientes adultos internados, comparando aqueles com códigos de cobrança para "Hemodiálise" versus pacientes internados sem esses encargos, e uma coorte de pacientes em diálise peritoneal ambulatorial. Pacientes com DRC 3 ou 4 foram excluídos. Resultados: Cento e sessenta e sete prontuários foram revisados. Os intervalos de condução no ECG foram consistente- e estatisticamente mais longos entre os pacientes em hemodiálise (n = 88) vs. em diálise peritoneal (n = 22) e DRC estágios 1 e 2 (n = 57): PR (175 ± 35 vs 160 ± 44 vs 157 ± 22 msec) (p = 0,009); QRS (115 ± 32 vs. 111 ± 31 vs 91 ± 18 ms) (p = 0,001); QT (411 ± 71 vs. 403 ± 46 vs 374 ± 55 ms) (p = 0,006 ), QTc (487 ± 49 vs. 464 ± 38 vs 452 ± 52 ms) (p = 0,0001). A única anormalidade de condução significativamente diferente foi a prevalência de bloqueio do ramo esquerdo: 13,6% nos pacientes em HD, 5% em DP e 2% na DRC 1 e 2 (p = 0,03). Conclusão: Pelo que sabemos, este é o primeiro estudo a relatar que os intervalos de condução no ECG são significativamente maiores à medida que se progride das DRC Estágios 1 e 2, para DP, e para HD. Esses e outros dados corroboram a necessidade de estudos futuros para utilizar os tempos de condução no ECG para identificar pacientes em diálise que poderiam se beneficiar de avaliações cardíacas proativas e assim redução de risco.

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