Prevalência de alterações fonoaudiológicas em crianças de 4 a 6 anos de idade de escolas públicas da área de abrangência de um centro de saúde de Belo Horizonte

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/03/2011

RESUMO

Objetivos: Estudar a prevalência de alterações fonoaudiológicas da linguagem oral, motricidade orofacial e processamento auditivo em crianças de quatro a seis anos de idade das escolas públicas da área de abrangência do Centro de Saúde São Marcos; correlacioná-las com as variáveis: idade, sexo e escola; e investigar a presença de associação entre as diferentes alterações fonoaudiológicas estudadas. Métodos: Estudo descritivo do tipo transversal com amostra aleatória estratificada por escola e faixa etária. Realizou-se avaliação composta por três etapas: (1) Avaliação de Motricidade Orofacial por meio de um protocolo para a verificação dos aspectos miofuncionais do sistema estomatognático, adaptado do Roteiro para Avaliação Miofuncional (JUNQUEIRA, 2005); (2) Avaliação da linguagem oral, utilizando o teste de avaliação de linguagem ABFW Fonologia (WERTZNER, 2000); (3) Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo, constituída por: Teste de Memória Seqüencial para Sons Não-verbais, Teste de Memória Seqüencial para Sons Verbais, Teste de Localização Sonora (PEREIRA,1997; CORONA et al., 2005). Para as análises estatísticas utilizou-se o software Epi Info, versão 6.04. Foi considerado valor de 5% (p<0,05) como limiar de significância estatística. Resultados: Foram analisados os resultados de 242 crianças. A idade das crianças variou entre 4,0 e 6,9 anos. A mediana das idades foi 5,7 anos. Cerca de 60% das crianças (n=147) apresentaram algum tipo de alteração fonoaudiológica investigada. As prevalências encontradas foram: linguagem oral, 36,0% (n=87); alterações de motricidade orofacial, 19,0% (n=46); inadequações do processamento auditivo, 39,0% (n=92), nesta população. Observou-se associação com significância estatística entre inadequação do processamento auditivo e faixa etária (p<0,001); alterações da linguagem oral e faixa etária (p=0,009); desvio fonológico e faixa etária (p<0,001). Verificou-se maior número de crianças com uma destas alterações na faixa etária de quatro a cinco anos, o que, pressupostamente, indica a presença de mais alterações em crianças mais novas. Observou-se também associação com significância estatística entre presença de desvio fonético e alterações de motricidade orofacial (p<0,001) e entre presença de desvio fonológico e alterações do processamento auditivo (p<0,001). Outro achado interessante deste estudo foi o elevado número de crianças sem alteração da linguagem oral que apresentou algum processo fonológico produtivo considerado normal para a idade de acordo com a análise do teste (80,0%), com predominância dos processos de simplificação de consoante final e simplificação de encontro consonantal, o que poderia indicar uma variação lingüística do português brasileiro na fala mineira. Conclusão: A alta prevalência verificada aponta para a necessidade de elaboração de ações em atenção primária à saúde, de maneira a prevenir o aparecimento destas alterações, melhorar o acesso à intervenção e possibilitar a prevenção de problemas escolares mais graves. Outros aspectos importantes observados foram as relações entre inadequações do processamento auditivo e alterações de motricidade orofacial com os desvios da linguagem oral. A metodologia utilizada não permite o estabelecimento de relação causal ou temporal entre estas variáveis. Os resultados deste estudo mostram que as alterações fonoaudiológicas estão presentes na população desde muito cedo. O acúmulo de alterações da linguagem oral na faixa etária de quatro a cinco anos sugere que esta seja uma boa fase para identificação e prevenção destes desvios. Quando são feitos os encaminhamentos adequados, em tempo oportuno para a superação destas dificuldades, o trabalho com crianças com problemas fonoaudiológicos pode ocorrer da maneira mais eficaz possível, antes do seu agravamento e/ou comprometimento da vida escolar das crianças e sua relação com familiares e amigos (ZORZI, 2005). Sugere-se a realização de novos estudos de prevalência, estudos de follow-up e de fatores associados tanto nesta quanto em outras áreas de Belo Horizonte, para a comparação dos resultados e melhor conhecimento sobre estas alterações em pré-escolares.

ASSUNTO(S)

fonoaudiologia teses fonoaudiologia decs distúrbios da fala/epidemiologia decs transtornos da percepção auditiva decs criança decs saúde da criança decs estudos descritivos decs sistema estomatognático decs dissertações acadêmicas decs

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