Prevalence of periodontal diseases in patients with ischaemic coronary disease in an University Hospital, 2003. / "Prevalência das doenças periodontais em pacientes com doença isquêmica coronariana aterosclerótica, em Hospital Universitário"

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

As doenças periodontais (DP) são precedidas em importância apenas pela cárie dentária como problema de saúde bucal coletiva no Brasil. Ambas são doenças infecciosas ainda muito prevalentes, entretanto é dada às DP uma importância questionavelmente secundária, pois não são sistematicamente investigadas e prevenidas em saúde pública. Pelo fato de sua prevalência ser atualmente desconhecida no Brasil, a alta freqüência das formas leves e moderadas das doenças periodontais na população como um todo e de suas formas mais graves em grupos ou indivíduos de risco, dentre estes os portadores de cardiopatias isquêmicas, motivou este estudo no Ambulatório de Cardiopatia Isquêmica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, cotejando os resultados com outros obtidos em grupo de pessoas não-cardiopatas atendidas na mesma instituição. Foi investigada a prevalência e gravidade das doenças periodontais, bem como a prevalência de seus fatores de risco, história médica da presença de doenças de interesse à periodontia (diabetes, hipertensão, acidente vascular cerebral) e comportamento relativo à higiene bucal. Dentre as 634 pessoas examinadas na fase de recrutamento dos participantes, 480 foram do grupo de pacientes cardiopatas isquêmicos e 154 de grupo de não-cardiopatas. Foram selecionados respectivamente de cada grupo, 58 e 62 participantes, na faixa etária de 30 a 79 anos, para a investigação periodontal. A média da idade foi de 53 anos em ambos os sexos para os pacientes cardiopatas e de 40 anos nos homens e 37 anos nas mulheres nos pacientes não-cardiopatas. Foram utilizados o Índice Periodontal Comunitário (IPC) e o índice de Perda de Inserção periodontal (PI), ambos recomendados pela OMS (1999). Os resultados mostraram um predomínio de sextantes nos escores indicativos das formas graves da DP entre os pacientes cardiopatas (74,1% contra 20,2%; p <0,00001). Dentre os pacientes cardiopatas apenas 1,1% dos sextantes exibiram saúde periodontal, contra 32,0% nos pacientes não-cardiopatas (p <0,00001). No tocante a história pregressa da DP, mensuradas através da perda de inserção, 6,0% dos sextantes não a exibiram entre os pacientes cardiopatas, contra 68,0% dos não-cardiopatas (p <0,00001). Eram portadores de fatores de retenção de biofilme dental 100,0% dos pacientes cardiopatas e 82,3% dos pacientes não-cardiopatas (p <0,001). Exigiam tratamento periodontal mais complexo, normalmente praticados por especialistas em periodontia, 94,8% dos pacientes cardiopatas contra 33,9% dos pacientes não-cardiopatas (p <0,0001). Necessitavam de tratamento de bolsas >6mm 79,3% dos pacientes cardiopatas contra 9,7% dos pacientes não-cardiopatas (p <0,0001). Alguns fatores de risco comprovado e/ou provável às DP, foram investigados nos pacientes cardiopatas e pacientes não-cardiopatas: observou-se tabagismo em 10,4% e 33,9% (p <0,01), respectivamente; alcoolismo em 44,8% e 24,2% (p <0,02), respectivamente; diabetes em 29,3% e 1,6% (p <0,0001), respectivamente; hipertensão arterial em 34,5% e 8,1% (p <0,001), respectivamente. Conclusões: As DP mostraram-se muito prevalentes nos dois grupos estudados, sendo de maior gravidade nos pacientes com cardiopatia isquêmica. A elevada prevalência de fatores de risco às DP aponta para a necessidade de adoção de estratégias de intervenção para minimizá-los.

ASSUNTO(S)

cardiopatia isquêmica doenças periodontais periodontal attachment loss. periodontal diseases perda de inserção periodontal. ischaemic coronary diseases Índice periodontal comunitário - ipc community periodontal index - cpi

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