Predição de Risco de Complicações Cardiovasculares em Gestantes Portadoras de Cardiopatia
AUTOR(ES)
Martins, Luciana Carvalho, Freire, Claudia Maria Vilas, Capuruçu, Carolina Andrade Bragança, Nunes, Maria do Carmo Pereira, Rezende, Cezar Alencar de Lima
FONTE
Arq. Bras. Cardiol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
08/03/2016
RESUMO
Resumo Fundamento: Cardiopatia na gravidez é a primeira causa de morte materna não obstétrica. Poucos estudos brasileiros avaliaram o impacto da cardiopatia na gestação. Objetivo: Determinar os fatores de risco associados às complicações cardiovasculares e neonatais. Métodos: Foram avaliadas 132 gestantes cardiopatas, acompanhadas em um Setor de Gestação de Alto Risco, de janeiro de 2005 a julho de 2010. Foram selecionadas variáveis que poderiam influenciar no desfecho materno/fetal: idade, paridade, tabagismo, etiologia, gravidade da cardiopatia, complicações cardíacas prévias, cianose, classe funcional New York Heart Association (NYHA) > II, disfunção/obstrução do ventrículo esquerdo, arritmia, mudança de tratamento, início e número de consultas de pré-natal. Foi calculado, retrospectivamente, o índice de risco materno-fetal de acordo com o Cardiac Disease in Pregnancy (CARPREG) no início do pré-natal. As pacientes foram estratificadas nas três categorias de risco do CARPREG. Resultados: A cardiopatia reumática foi a cardiopatia mais prevalente (62,12%). As complicações mais frequentes foram descompensação cardíaca (11,36%) e arritmias (6,82%). Fatores associados às complicações cardiovasculares na análise multivariada foram mudança do tratamento (p = 0,009), complicações cardíacas prévias (p = 0,013) e classe funcional III NYHA na primeira consulta pré-natal (p = 0,041). O porcentual de complicação cardiovascular foi 15,22% no grupo CARPREG 0; 16,42% no CARPREG 1; e 42,11% no CARPREG >1 − diferentemente do estimado pelo índice original: 5%, 27% e 75%, respectivamente. Na amostra, tivermos 26,36% de prematuridade. Conclusão: Os fatores de risco para complicação cardiovascular nessa população foram a mudança de tratamento, as complicações cardíacas prévias e a classe funcional III NYHA no início do acompanhamento pré-natal. O índice CARPREG, nesta amostra, composta principalmente por pacientes com cardiopatia reumática, superestimou o número de eventos em gestantes classificadas como CARPREG 1 e > 1, e subestimou o risco em pacientes de baixo risco (CARPREG 0).
ASSUNTO(S)
doenças cardiovasculares / complicações gestantes fatores de risco insuficiência cardíaca arritmias cardíacas cardiopatia reumática
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