Praticas educativas em saude : trilhas, discursos e sujeitos / Health Education Practice : trails, discourses and subjects

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/03/2009

RESUMO

Esta pesquisa tem como objeto principal o estudo das práticas educativas em saúde (PES), sob a perspectiva da multirreferencialidade, que propõe a construção do conhecimento como resultado sempre incompleto de uma conjugação de saberes disciplinares. Entendo que essa pesquisa se aproxima do campo histórico-cultural, tendo como objetivo problematizar as PES em contextos históricos particulares, e assim compreender se elas contribuíram na constituição de subjetividades, a partir de seus discursos, com suas intencionalidades e racionalidades. E assim perceber como e quando as PES emergiram como tema, como discurso e como preocupação histórica. Para essa análise-compreensão utilizei como eixos analíticos, o conceito da vulnerabilidade, os estudos culturais e o biopoder e seus deslocamentos. A respeito dos recortes realizados, afirmo que não ocorreram a priori. E sim, a partir dos diálogos e embates com as fontes históricas selecionadas, percebendo nesses emaranhados de discursos, a relevância de espaços e tempos em que se concretizaram as PES. Nas primeiras décadas da República, as PES aparecem como dispositivos que auxiliaram na construção de subjetividades, trazendo para essa população inculta os comportamentos considerados saudáveis naquela época. Esses discursos circularam em espaços, como as escolas primárias e centros de saúde na cidade de São Paulo, em consonância com os saberes da higiene, tentando atingir a consciência sanitária. No Serviço Especial de Saúde Publica (1942-1960), o enfoque inicial das PES recaía sobre as crianças, sobre as professoras primárias, sobre os clubes de saúde, em outro momento posterior, o adulto foi selecionado como sujeito dessas práticas educativas. Percebi deslocamentos nas estratégias educativas, das palestras aos métodos fundamentados no aprender a fazer, na perspectiva da participação. No entanto, as condições sociais do homem rural no Vale do Amazonas e no Vale do Rio Doce ainda eram muito precárias, visto que a proposição de soluções restringia-se ao nível técnico. Sem contar a extensa área de atuação do Serviço Especial de Saúde Pública, que dificultava a disseminação dessa concepção, em um Brasil tão heterogêneo, cenário de negociações e disputais locais. Na contemporaneidade, as PES se deparam ainda com a presença dos modelos tradicionais, que tem na pedagogia da informação e na coerção, resquícios de práticas autoritárias. Em outro momento, as PES trazem as concepções da Reforma Sanitária, do sujeito emancipado, do enfrentamento e da luta contra opressão social. Com o avanço do neoliberalismo, outras e novas matrizes identitárias circularam rapidamente, construindo novas subjetividades, como a do sujeito ativo. Assim, a compreensão das PES, como práticas biomédicas, sociais, políticas e culturais se encontram no fio cortante da tradução e da negociação, o entre-lugar, o terceiro espaço que se estabelece no encontro com o outro; nessa relação de fronteira de saberes, saberes compartilhados imersos em representações provisórias, em histórias e narrativas de sujeitos

ASSUNTO(S)

educação em saude vulnerabilidade estudos culturais biopoder saúde pública health education vulnerability cultural studies biopower health public

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