Práticas de médicos brasileiros no manejo de sintomas sugestivos de doença do refluxo gastroesofágico: uma avaliação multidisciplinar

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-12

RESUMO

RESUMO CONTEXTO: Diretrizes clínicas estão disponíveis para orientar decisões sobre diagnóstico, manejo e tratamento de desordens gastrointestinais. Apesar disso, variações nas práticas relacionadas aos sintomas de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) são observadas na literatura. OBJETIVO: Descrever os conhecimentos e práticas relacionados ao manejo de pacientes com sintomas típicos de DRGE (pirose e regurgitação) em uma amostra brasileira de médicos de especialistas e não especialistas. MÉTODOS: Inquérito nacional online investigando a conduta frente ao diagnóstico de DRGE em uma amostra de médicos generalistas, gastroenterologistas, cardiologistas e otorrinolaringologistas. O inquérito foi conduzido entre 6 de agosto e 12 de setembro de 2018. Os sujeitos responderam a um questionário estruturado avaliando variáveis relacionadas ao perfil dos médicos (idade, sexo, especialidade, contexto de prática, anos de experiência, tipo de reembolso de despesas médicas), características dos pacientes e comportamentos de prescrição. RESULTADOS: A amostra final ponderada foi composta por 400 médicos, 64% homens, com um tempo médio de experiência de 15 anos. A estimativa dos médicos a respeito da prevalência de sintomas gastroesofágicos entre seus pacientes foi de 37,6% para a amostra total, alcançando 70,3% entre gastroenterologistas. A especialidade médica com menor percentual de pacientes apresentando sintomas gastroesofágicos foi otorrinolaringologia (24,5%). Os médicos requisitaram exames complementares em 64,5% dos pacientes com sintomas típicos de DRGE. O exame diagnóstico mais frequente foi endoscopia (69,4%), seguida de nasolaringoscopia (16,6%). O percentual de pacientes nos quais uma endoscopia é realizada é significativamente maior entre gastroenterologistas e médicos generalistas, quando comparado a otorrinolaringologistas e cardiologistas, enquanto nasolaringoscopia é marcadamente mais frequente entre otorrinolaringologistas. Em termos de opções terapêuticas, a estratégia mais frequentemente reportada foi modificações no estilo de vida, seguida de inibidores da bomba de prótons. CONCLUSÃO: De modo geral, o perfil de pacientes e os padrões de diagnóstico e manejo de DRGE parecem diferir entre gastroenterologistas, médicos generalistas, otorrinolaringologistas e cardiologistas. Diretrizes clínicas devem abordar esta variabilidade e incluir outras especialidades médicas além de gastroenterologistas em seu escopo.

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