Práticas de letramento na trajetória de jovens adultos de camadas populares

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Na década de oitenta do século recém-findado, na qual o movimento do campo acadêmico na educação discutia amplamente as questões sobre o fracasso escolar, surgiu, no cenário educacional, novos conceitos que têm por objetivo quebrar velhos paradigmas. Um deles responsabilizava, em particular, a criança, sua família e o meio social em que vivem pelo fracasso escolar, de modo especifico, nos processos de aprendizagem da leitura e da escrita. Nesse cenário educacional, desenvolveu-se uma pesquisa de abordagem etnográfica que investigou o lugar da escrita na vida de crianças de camadas populares, imediatamente anterior e posterior à entrada dessas crianças na escola (CASTANHEIRA, 1991). Essa pesquisa identificou práticas significativas de leitura e de escrita, constituídas no meio familiar dessas crianças, práticas, estas, desconsideradas, quando da entrada das crianças na instituição escolar. Passados cerca de vinte anos em relação à pesquisa citada, apresento neste trabalho um estudo que investigou qual futuro tiveram aquelas crianças, hoje, jovens adultos. O objetivo deste estudo foi compreender a relação desses jovens, pertencentes a camadas populares, com a escrita, contrastando dois momentos de suas vidas: a infância e os primeiros anos da vida adulta. Busquei elementos das experiências de vida desses jovens, a fim de entender quais relações estabelecem com a escrita e quais significados atribuem às suas práticas de letramento. Identifiquei práticas de letramento escolares e não escolares, constitutivas da interação com a escrita ao longo do período entre a infância e a vida adulta desses sujeitos. As concepções teóricas e metodológicas adotadas nesta pesquisa são de abordagem etnográfica, a partir das reflexões de (GREEN, 2005; CASTANHEIRA, 1991, 2004; HEATH, 1983; LAHIRE, 1997; MOLL, 1992; STREET, 1995) e perpassam pelas discussões do campo da Linguagem e da Sociologia baseado nos trabalhos de (SOARES, 2001; BOURDIEU, 1995). Constatei que os jovens investigados utilizam a leitura e a escrita em diversos espaços sociais, tais como: família, trabalho, igreja, escola, e que tais espaços influenciaram suas práticas de letramento. Quanto aos significados, todos se consideram leitores, realizando práticas de letramento em todos os contextos em que convivem socialmente, ponderam também que a leitura e a escrita são elementos fundamentais de interação na sociedade. Além disso, observei que as práticas de letramento estão nas ações de ordem mais funcional do que prazerosa.

ASSUNTO(S)

alfabetização educação aspectos sociais teses pratica de ensino etnografia

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