PRÁTICA DE FISIOTERAPIA NA PERSPECTIVA DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ATENÇÃO E DA GESTÃO EM SAÚDE

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Os estudos sobre Fisioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) têm enfatizado a clínica, a técnica, sem questionamento epistemológico da prática. Não se problematiza a inserção do fisioterapeuta no Programa Saúde da Família, a sua formação profissional ou a humanização da prática fisioterápica nos diferentes níveis de atenção. Essa pesquisa busca compreender a prática de Fisioterapia no SUSQuixadá, Ceará, na perspectiva da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão em Saúde (PNH), a partir de duas perguntas norteadoras: Como está se conformando a prática da Fisioterapia no SUS Quixadá/CE? A prática fisioterápica do SUS Quixadá/CE incorpora os princípios e as diretrizes da PNH? O presente estudo apresenta natureza qualitativa, o que significa que os sujeitos da pesquisa gestores, fisioterapeutas, técnicos de apoio e usuários não foram submetidos a critérios numéricos. Dentre esses sujeitos, apenas os usuários tiveram que ser definidos por saturação teórico-empírica, estratificados segundo unidade componente do serviço e segundo a relevância das informações e observações significativas ao estudo. Os procedimentos de investigação foram a revisão da literatura, o levantamento de documentos administrativos e legais emanados dos poderes federal, estadual e municipal sobre o tema, a observação sistemática e a entrevista semiestruturada. As informações coletadas a partir das entrevistas foram analisadas utilizando-se da técnica de Análise de Conteúdo. A análise dos documentos foi realizada paralelamente à análise e interpretação dos resultados das entrevistas, com a finalidade de contextualizar a interpretação dos achados. Para análise das informações obtidas a partir da observação sistemática, foi utilizado o fluxograma analisador de Merhy (2007a). Os resultados revelaram que a prática de Fisioterapia reproduz um modelo de assistência não pró-ativo, voltado para a reabilitação e/ou para a cura. Assim, o serviço fisioterápico aguarda tal demanda para que possa intervir, topicamente, em queixas, sinais, sintomas, síndromes, agravos e doenças, de modo operativo pragmático. A clínica desenvolvida apresenta-se muito próxima do conceito de clínica oficial, com fortes elementos de clínica degradada, incorporando discursos, boas intenções, que apontam a clínica ampliada em um certo horizonte das vontades. A concepção do acolhimento se vincula apenas a um dos seus elementos constitutivos, o de recepção administrativa e ambiente confortável. No processo de cogestão, a Fisioterapia se insere em alguns dispositivos que permitem a participação dos trabalhadores, entretanto, os dispositivos gerenciais que possibilitam o envolvimento efetivo dos usuários não foram alcançados. Atenção e gestão são construídas paralelamente, sem pontos de interseção que possibilitem uma visão crítica dos atores envolvidos a respeito do que é democracia, direitos e deveres e o trabalhador da prática fisioterápica caracteriza-se como sujeito instituído e quase destituído, pois não reflete o processo de trabalho no qual está inserido. Enfim, a prática de Fisioterapia no SUS/Quixadá encontra-se distante da perspectiva de humanização proposta pela PNH, mas se constitui em potencial ferramenta de mudança de suas ações a partir dos princípios e diretrizes que essa política oferece, com vistas à defesa da vida dos cidadãos quixadaenses. .

ASSUNTO(S)

physiotherapy-practice fisioterapia-prática unique health system (uhs) saude publica humanization. sistema unico de saúde humanização. .

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