Por um cinema de poesia mestiço: o filme Caramujo-flor de Joel Pizzini e a obra poética de Manoel de Barros

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O objeto desta pesquisa é o estudo das traduções intersemióticas feitas pela obra fílmica de Joel Pizzini Caramujo-flor ao re(ler)os signos verbais e visuais que se entrelaçam na construção do texto poético de Manoel de Barros na obra Gramática Expositiva do Chão-Poesia quase toda. Partimos do problema de que as relações semióticas entre a poética de Manoel de Barros e o filme Caramujo-flor constitui o que podemos chamar de Cinema de Poesia. Nosso objetivo portanto é analisar o filme e os poemas que o constituem, de maneira correlacional, para comprovarmos o problema levantado. Análise esta desenvolvida em torno de três eixos de significação: a metáfora do mosaico que traduz as relações intersemióticas; o imaginário ficcional e sua presentificação na cultura, perpassando pelo barroco e pelo erotismo da palavra poética e sua recriação no objeto fílmico; por fim, como a relação prolífera dos elementos intertextuais, metalingüísticos e de hibridação influenciam as mediações semiótico-culturais realizadas pelas mídias, especialmente o cinema. Articulamos, portanto, como hipótese primeira que Caramujo-flor, ao propor um novo olhar sobre as estruturas narrativas recorrentes do cinema independente se inscreve no que Buñuel e Pasolini chamam de Cinema de Poesia. Como procedimento metodológico usaremos a pesquisa bibliográfica necessária à análise dos procedimentos de construção das obras estudadas. Fundamentando-nos nos autores que estudam cinema e nas teorias tradutórias entre semiótica e cinema, agregados as bibliografias de Joel Pizzini e Manoel de Barros. A teoria base é a semiótica de raiz lotmaniana, segundo a qual o diálogo entre os complexos culturais permeia as zonas fronteiriças das artes, promovendo espaços geradores de sentido que se movem dinamicamente. Sobre cinema lançaremos mão das teorias de Eisenstein, Pasolini e Buñuel. Para elucidar as questões referentes ao barroco leremos Sarduy e Haroldo de Campos. Ressaltamos ainda autores como Paul Zumthor, que trabalham a especificidade performática da linguagem oral. Perpassamos também pelos teóricos da tradução (desde Benjamin aos concretos) em conjunção com os da mestiçagem (Laplantine, Gruzinski, Amálio Pinheiro etc)

ASSUNTO(S)

poesia barroco mestiçagem barros, manoel de -- 1916- -- gramatica expositiva do chao : poesia quase toda -- critica e interpretacao cinema -- semiotica comunicacao baroque semiotic cinema movies poetry semiótica pizzini, joel -- 1960- -- caramujo-flor -- critica e interpretacao miscegenati

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