Por que eu danço, por que tu danças, por que ele dança?: um estudo sobre estratégias sociais em contexto escolar de educação complementar

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O estudo sobre o que predispõe certas pessoas a freqüentarem uma escola de dança é a temática central da presente pesquisa. Parte-se do pressuposto de que a cultura não é um privilégio natural, isto é, de que a prática cultural não é um dom ou uma questão de sensibilidade inata ligada à emoção, pois existem condições sociais que instilam o acesso a esse privilégio. O objetivo da investigação, que se insere na Linha de Pesquisa: Educação, Cultura e Poder, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de Blumenau, é compreender, a partir da perspectiva sociológica, as razões do ingresso numa escola de dança. Busca-se, ainda, perceber quais os mecanismos acionados quando alguém escolhe freqüentar uma escola de dança, assim como as estratégias de educação complementar embutidas nas escolhas realizadas por aqueles que optam por freqüentá-la, considerando como as práticas culturais pretéritas e presentes dos agentes contribuem para a educação e a construção social das disposições artísticas. O locus de investigação escolhido foi o Pró Dança de Blumenau Escola de Ballet do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau/SC. Como instrumentos de pesquisa, para a coleta de dados, foram utilizados questionários, com uma amostra de alunos (21 adolescentes e 30 adultos) e 17 pais de crianças da escola. Para a análise dos dados mobilizaram-se as noções de capital econômico, capital cultural e habitus, de Pierre Bourdieu. O ingresso na escola de dança está associado especialmente à educação complementar, ao prazer de dançar sem o objetivo de profissionalizarem-se e, em alguns casos, visa também à profissionalização. Além disso, os dados indicam haver um motivo preponderante para a prática da dança, em cada uma das faixas etárias estudadas, a saber: a aquisição de postura e disciplina, no caso das crianças; a socialização, para os adolescentes e a atividade artística aliada à atividade física, para os adultos. A composição dos capitais permitiu visibilidade aos elementos que, em combinação, formam uma configuração cuja compreensão não é possível se vista de modo isolado. Os vários capitais - econômico, escolar, cultural, social, simbólico - predispõem o ingresso na escola de dança, instalando um processo no qual a combinação destes capitais, as mobilizações e o empenho do próprio aluno são fundamentais. O capital econômico pode até potencializar a prática da dança, mas por si só não sustenta a ação, pois é na interdependência das condições, ações, relações e interações sociais que acontece a construção da disposição artística/dança do aluno, na qual a escola de dança e a família cumprem funções que se completam

ASSUNTO(S)

educação dance artistic disposition dance school disposições artísticas education dança na educação; escolas de dança escola de dança dança danca

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