Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Nos últimos anos a discussão acerca da autonomia da política monetária esteve polarizada entre dois grupos de autores. Baseados numa concepção arqueológica da moeda (Cencini, 1997), alguns afirmam que os Bancos Centrais, diante da integração entre os mercados financeiros, teriam perdido a autonomia para praticar políticas monetárias em favor do crescimento econômico. Em contraste, outro grupo de autores sustenta que mesmo no atual contexto de “perfeita mobilidade do capital”, sob certas condições, a autoridade monetária conserva amplos graus de liberdade para definir o nível da taxa de juros doméstica, em qualquer contexto considerado. O objetivo principal do estudo é analisar teoricamente a questão da autonomia da política monetária nos termos em que a mesma vem sendo discutida na atualidade, e subseqüentemente, através de um modelo macroeconômico de simulação, examinar as conseqüências de uma política de juros alternativa àquela que o Banco Central do Brasil vem adotando. Constatou-se que em uma economia de mercado, em que muitos insumos produtivos são reproduzíveis, incluindo a força de trabalho e os bens de capital, emerge uma relação definida entre a dimensão do consumo produtivo da força de trabalho, visando a preservação das condições materiais da economia, e a magnitude dos meios de pagamento existentes: os meios de pagamento podem ser criados e destruídos no sistema bancário por causa do pagamento de salários aos trabalhadores, sob demanda das empresas. Sob essa ótica há certa dificuldade analítica para se conceber os meios de pagamento exogenamente determinados. Ao contrário, o caráter institucional, discricionário da taxa monetária de juros segue simples e logicamente. O mercado financeiro atua no sentido de restaurar a liquidez das empresas de negócios facilitando a liquidação de seus empréstimos passados junto aos bancos comerciais. Através da aplicação de um modelo macroeconômico de simulação dois cenários alternativos foram gerados para os próximos oito anos de política (2008-2015). No cenário de mudança uma política de redução progressiva da taxa de juros para o patamar de 3,66% ao ano resulta em uma taxa de inflação muito similar ao cenário de continuidade, caracterizado por uma taxa de juros de 15,39% ao ano. Porém, no primeiro caso ocorre um aumento substancial no crescimento da capacidade produtiva da economia com uma taxa cambial mais competitiva, que estaria situada, em média, em R$/US$ 2,51. Por outro lado, no cenário de continuidade a perda anual, em média, no acréscimo da capacidade produtiva da economia é de 7,44%, associada a uma taxa cambial não competitiva, que em média estaria situada em R$/US$ 2,35. A estabilidade de preços foi preservada em todos os cenários.

ASSUNTO(S)

brasil monetary policy política monetária brazil integração financeira circular production financial integration

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