Política e resistência no lazer noturno homossexual

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Bras. Ter. Ocup.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-12

RESUMO

Resumo O objetivo deste estudo foi explorar, por meio de uma etnografia, a potência política do lazer noturno paulistano destinado aos consumidores de sexualidade e gênero dissidentes. Tomou-se o cotidiano como chave analítica, ensejando diálogos oportunos entre a terapia ocupacional e ciências sociais/humanas acerca das atividades em sua totalidade. Para tanto, buscou-se investigar os significados particulares que o termo resistência ganha neste contexto e, em segundo momento, abordar a dimensão político-corporal de algumas práticas de natureza afetiva-sexual no interior de algumas festas. A cena pop LGBT investigada era composta por cinco festas, três delas na região da Rua Augusta e duas no bairro da Barra funda. Tais lugares eram marcadamente juvenis, frequentados por homossexuais masculinos, vinculados ao estilo pop. Foram usadas entrevistas com DJs e produtores de festas e outras pessoas “da noite”, em complemento aos dados etnográficos. A análise se deu por meio de operações conceituais respaldadas nos Estudos Culturais, Nancy Fraser, em Michel Foucault, Giorgio Agamben. O termo “resistência” ganha significados contingenciais relacionados à disputa de representações de gênero nos palcos midiáticos. A visibilidade dos corpos de sexualidade dissidente transcende o domínio simbólico da estima social e reforça a noção de gênero como fenômeno público político. Além disso, práticas heterotópicas de natureza afetivo-sexual no darkroom podem revelar a potência política pela suspensão de dispositivos produtores de hierarquias sociossexuais.

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