Polimorfismo dos genes PSGL-1, ICAM1, CD18, mieloperoxidade e manifestações clinicas na anemia falciforme

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Anemia falciforme (AF) é uma doença monogênica, mas com uma apresentação clínica variável, devido a possível associação com outros genes. Especula-se que nesta doença genes envolvidos com a resposta inflamatória tenham efeito epistático. A mieloperoxidase (MPO) é uma enzima com atividade antimicrobicida, sendo encontrada nos grânulos azurofilicos dos neutrófilos. O polimorfismo A-463MPO diminui a expressão desta enzima, podendo este alelo ser possível marcador para eventos infecciosos em pacientes com defesa imune já comprometida. Neste estudo 97 pacientes com AF acompanhado pelo ambulatório de hematologia-Unicamp foram inicialmente divididos em dois grupos, conforme o número de internamentos hospitalares para antibioticoterapia: pacientes que não apresentaram infecção com necessidade de intemação (64 pacientes) e um segundo grupo onde ocorreu pelo menos 1 episódio de hospitalização devido a infecção (33 pacientes). O grupo controle foi composto por 48 indivíduos sadios negros da Babia-BrasiL Pacientes e controles foram genotipados para o polimorfismo G/A-463MPO, através da técnica de "Conformation Sensitive Gel Eletrophoresis" (CSGE) e sequenciamento automatizado. Observou-se que a presença do genótipo AA ou AG está associado a maior número de eventos infecciosos (P=O.005 OR=3.8). Esta correlação também foi observada na análise quanto à presença do alelo A-463MPO (P=0.004 OR=2.7). Este achado sugere que deficiência de MPO em pacientes com AF provavelmente favorece a ocorrência de eventos infecciosos. Vaso oclusão é o principal evento nas crises dolorosas dos pacientes com anemia falciforme (AF) e marcadores genéticos de risco para eventos vaso oclusivos ainda são desconhecidos. Polimorfismos em genes envolvidos na adesão celular PSGL-l (VNTR no exon 2), ICAM-1 G241R e K461E) e CD18 (V441V) foram genotipados em 103 pacientes com AF. Os pacientes foram inicialmente divididos em dois grupos: pacientes em que ocorre acidente vascular cerebral (AF+A VC,16 pacientes) e pacientes sem ocorrência de A VC (AF-A VC, 87 pacientes). Posteriormente, os pacientes foram divididos em outros dois grupos: pacientes em que foi detectado um dos seguintes eventos: A VC, síndrome torácica aguda (STA), necrose asséptica de cólo de fêmur (NACF) e priapismo (AF+FVO, 35 pacientes) e pacientes em que não ocorrem essas complicações (AF-FVO, 70 pacientes). PSGL-l é um receptor nas células mielóides e linfócitos T estimulados de alta afinidade para P-selectinas, tendo fundamental papel na adesão dos leucócitos às plaquetas e ao endotélio. O gene contém 3 variantes alélicas (A, B, C) de um número variável de repetição "in tandem" (VNTR). A análise das freqüências dos genótipos e alelos revelou associação da variante B com o grupo AF+FVO [p=O.04, IC 95% OR=2 (1-4)] e quase significante com os casos de A VC [p=0.09, IC 95% OR=2 (0.8-4.9)], enquanto que o alelo A revelou nível significativo de associação com o grupo AF+FVO [p=O.Ol IC 95% OR=O.5 (0.2 0.9)]. O gene da molécula de adesão leucócitário CD-I8 é a beta-2 subunidade das integrinas a_heterodímeros. O polimorfismo C1323T foi recentemente implicado como fator de risco para fenômenos vaso oc1usivos. O estudo deste polimorfismo em pacientes portadores de anemia falciforme não revelou associação significativa com FVO ou A VC. ICAM-l é uma molécula da superfamília das imunoglobulinas com importante papel na adesão das células endotelial-leucócitos durante a resposta inflamatória. No mínimo dois sítios polimórficos são conhecidos R241E e K469E. Ambos sítios estão envolvidos na ligação aos contrareceptores Mac-I e LF A-I. A análise destes polimorfismos através da técnica de CSGE e seqüenciamento, revelou uma associação significativa do heterozigoto K469E para risco a A VC [P=0.02 IC 95% OR=3.6 (1.1-12.3)]. No entanto, o estudo falhou em demonstrar associação alélica com os casos de A VC ou FVO. Como não se conhece bem a relação funcional deste polimorfismo, maiores estudos são necessários incluindo análise funcional, para se esclarecer o real papel deste polimorfismo ao risco a AVC

ASSUNTO(S)

hemoglobina celulas - adesão acidentes vasculares cerebrais

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