Poesia. A glorificação do sensível

AUTOR(ES)
FONTE

Estud. av.

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/08/2019

RESUMO

resumo Este ensaio busca ressaltar algumas características da extensa obra lírica de Johann Wolfgang von Goethe, desde os versos de “ocasião” com que saúda os avós maternos no Ano Novo de 1757, até pouco antes de sua morte em março de 1832. Distinguindo-se por profícua interpenetração de estilos, formas, motivos e também de várias tradições da lírica europeia, a obra poética de Goethe - dotada de extraordinária força onomatúrgica e inclinada a consumar na palavra uma epifania da ideia a partir do fenômeno - apresenta-nos, em alguns momentos mais “prosaicos”, uma faceta surpreendentemente moderna. Essa “modernidade” pode ser apontada também no ciclo, inspirado no poeta persa Hafiz e publicado pela primeira vez em 1819, Divã Ocidental-Oriental, que promove a integração num todo uno e coeso da expressão lírica (os gazéis e demais poemas) e do discurso ensaístico (nas “Notas e estudos para melhor compreensão do Divã Ocidental-Oriental”). Nesse ciclo manifesta-se ainda um jogo ficcional de despersonalização e mascaramento que reverbera mais tarde em grandes poetas da impessoalidade e das personae, como Robert Browning, W. B. Yeats ou F. Pessoa.abstract This essay seeks to highlight some features of Johann Wolfgang von Goethe’s extensive lyric work, from the “occasion” verses with which he greets his maternal grandparents in the New Year of 1757 until shortly before his death in March 1832. Distinguished by a prolific interpenetration of styles, forms, motifs and also of various traditions of European lyricism, Goethe’s poetic work - endowed with extraordinary onomaturgical strength and inclined to consummate in the word an epiphany of the idea from the phenomenon - presents to us, in some more “prosaic” moments, a surprisingly modern facet. This “modernity” can also be pointed out in the West-eastern Divan cycle, inspired by the Persian poet Hafiz and first published in 1819, which integrates lyrical expression (the ghazals and other poems) and essayistic discourse (in “Notes and Studies for a Better Understanding of the West-Eastern Divan”) into the whole and cohesive unity. This cycle also manifests a fictional game of depersonalization and masking, which later reverberates in the great poets of impersonality and personae, such as Robert Browning, W.B. Yeats, and Fernando Pessoa.

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