Plasticidade e aclimatação foliar à irradiância em espécies da Floresta Atlântica / Plasticity and leaf acclimation to light irradiance in Atlantic Forest species

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/10/2010

RESUMO

A Floresta Atlântica está entre os cinco ecossistemas terrestres mais ameaçados do mundo e que apresentam maior porcentagem de diversidade e endemismo. Portanto, existe uma prioridade para a conservação e o desenvolvimento de metodologias de recuperação das regiões degradadas deste ecossistema. No entanto, o sucesso de muitos programas de recuperação da cobertura florestal da Floresta Atlântica tem sido comprometido devido ao reduzido conhecimento sobre o comportamento biológico das espécies. A maneira mais pragmática de simular as condições naturais da regeneração na recuperação de áreas degradadas, no caso das florestas tropicais, tem sido o agrupamento das espécies em grupos ecológicos. Estudos ecofisiológicos realizados nas últimas décadas categorizam as espécies arbóreas tropicais em dois principais grupos ecológicos: o grupo das espécies exigentes em luz e o grupo das espécies tolerantes à sombra. Acredita-se que as espécies tolerantes à sombra apresentam metabolismo com menor flexibilidade de resposta às mudanças no ambiente, enquanto as espécies exigentes em luz apresentam maior plasticidade e se aclimatam mais rapidamente às mudanças no regime de luz. Entretanto, evidências crescentes indicam que tanto as espécies exigentes em luz, quanto espécies tolerantes à sombra são capazes de exibir grande plasticidade fotossintética, sugerindo que a flexibilidade de ajustes em resposta a novas condições ambientais não esteja necessariamente relacionada ao grupo sucessional da espécie. Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar a plasticidade fotossintética e a capacidade de aclimatação luminosa de espécies arbóreas tropicais da Floresta Atlântica, pertencentes a grupos sucessionais distintos, em reposta a diferentes condições de luminosidade no ambiente. A plasticidade foi avaliada por meio da amplitude de ajustes fisiológicos no aparato fotossintético e de ajustes morfoanatômicos na folha das espécies, submetidas a um gradiente constante de luz. A aclimatação foi avaliada por meio do potencial de aclimatação do aparato fotossintético e do grau de susceptibilidade à fotoinibição, após a transferência das espécies de uma condição de sombreamento para uma condição de pleno sol. Os resultados demonstraram que a plasticidade para regular os ajustes fisiológicos e morfoanatômicos na folha e a capacidade de aclimatação, em resposta às mudanças no regime de luz do ambiente, não está, necessariamente, relacionada ao grupo sucessional da espécie. Os resultados sugerem a existência de três grupos ecológicos: dois grupos de espécies mais especialistas e um grupo de espécies intermediárias. Os grupos das espécies especialistas são compostos pelas espécies pioneiras exigentes em luz, representadas por Schinus terebinthifolia, e pelas espécies tardias tolerantes à sombra, representadas por Lecythis pisonis. As espécies pioneiras exigentes em luz referem-se às espécies que apresentam alta capacidade fotossintética, grande habilidade para regular a área específica da folha e a condutância hidráulica do xilema e que apresentam maior desempenho e capacidade de aclimatação nos ambientes de alta irradiância. As espécies tardias tolerantes à sombra referem-se àquelas que apresentam maior eficiência fotossintética nos ambientes com pouca disponibilidade de luz e maior susceptibilidade à fotoinibição nos ambientes com alta irradiância. O grupo de espécies intermediárias, composto pela maioria das espécies e representado, aqui, por Pseudobombax grandiflorum, Joannesia princeps e Hymenaea courbaril, refere-se àquelas espécies que apresentam plasticidade para características variadas, diferentes graus de susceptibilidade e de recuperação da fotoinibição e capacidade de aclimatar a um espectro variado de radiação luminosa e de colonizar tanto ambientes mais expostos quanto ambientes com menor disponibilidade de luz. Esta hipótese corrobora com a hipótese de um continuum de respostas ecofisiológicas ao longo dos gradientes de luz existentes nas florestas tropicais. Espera-se que os resultados deste trabalho possam servir de subsídio para o melhor entendimento ecofisiólogico sobre o comportamento biológico das espécies estudadas, visando a produção de mudas e o manejo dessas espécies nos projetos de recuperação de áreas degradadas da Floresta Atlântica.

ASSUNTO(S)

botanica plasticidade fotossintética aclimatação luminosa floresta atlântica photosynthetic plasticity light acclimation atlantic forest

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