Plantas medicinais usadas em Rondônia, Amazônia Ocidental, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. plantas med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014

RESUMO

Este estudo se refere ao uso de plantas medicinais por populações da Amazônia Ocidental, fornece informações passíveis de utilização em estudos fitoquímicos e resgata o conhecimento tradicional a respeito do uso de plantas medicinais em cinco regiões do estado de Rondônia na Amazônia Brasileira com foco nas espécies nativas. A pesquisa de campo foi realizada nos cinco municípios de Rondônia: Ariquemes, Buritis, Candeias do Jamari, Cujubim e Itapoã do Oeste, caracterizados por atividades econômicas primárias: agricultura, pecuária e extrativismo vegetal e mineral. Entrevistas estruturadas foram aplicadas a 227 pessoas escolhidas por seu prestígio nas comunidades em relação ao conhecimento e uso de plantas medicinais, identificando a finalidade terapêutica, as partes das plantas utilizadas, e os métodos de preparação. As espécies foram taxonomicamente identificadas. O conhecimento etnobotânico (inferido a partir do número de citações por entrevistado) foi correlacionado com a região de origem, idade e gênero dos entrevistados. De acordo com os dados coletados, 34 famílias botânicas e 53 espécies nativas foram identificadas. Dentre as 53 espécies, apenas sete ocorrem exclusivamente na Amazônia: Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K.Schum., Psidium densicomum Mart. ex DC, Piper cavalcantei Yunck., Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardlew., Euterpe oleracea Mart., Croton cajucara Benth., Baccharis altimontana G. Heiden. As afecções mais comuns tratadas com plantas foram: problemas de fígado, gripe, infecções e inflamações generalizadas, malária, e hipertensão arterial. As folhas são as partes mais utilizadas nas preparações. Também foram mencionadas cascas, frutos, raízes, flores, caules, sementes, óleos, brotos, tubérculos e rizomas. Treze formas de preparação foram registradas sendo mais comuns as infusões e decoctos. Outras formas de preparação observadas foram xarope, suco, farinha, seiva, óleo, partes vegetais misturadas com leite, mel ou café, flambada, macerada e em forma de cataplasma. Pessoas da região Sudeste apresentaram maior número de informações do que as outras regiões; faixas etárias entre 50-59, 60-69 e 70-79 apresentaram maior número de citações que os outros grupos etários; e as mulheres mencionaram significativamente mais usos medicinais em comparação com os homens. O número relativamente pequeno de espécies nativas amazônicas identificadas pode ser um resultado da perda de conhecimento sobre plantas medicinais na Amazônia, devido à migração interna, extinção dos grupos indígenas locais, crescente urbanização e consequente globalização dos estilos de vida.

ASSUNTO(S)

etnobotânica fitoterapia medicina tradicional

Documentos Relacionados