Phenix: a ousadia do renascimento da subjetividade cidadã
AUTOR(ES)
Caniato, Angela, Rodrigues, Adriana, Silva, Juliana, Quilice, Karina, Santos, Lara, Corazza, Luis Fernando, Castro, Mateus, Castro, Michele, Reis, Nilce, Sales Filho, Orivaldo, Fernandez, Pierre, Borges, Sheila
FONTE
Psicologia & Sociedade
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002-12
RESUMO
Este é um projeto de Pesquisa-intervenção vinculado à Universidade Estadual de Maringá (UEM). Enquanto projeto de Pesquisa-intervenção (Thiollent, 1981 e Brandão, 1981 e 1984) pressupõe a práxis como o lócus da produção do conhecimento e critério de verdade. A população com a qual interagimos é atendida pelo Núcleo Social Papa João XXIII, localizado na periferia de Maringá/PR/Brasil. A nossa inserção neste agrupamento humano está sustentada na premissa-denúncia de Martín-Baró (1987 e 1989) de que vivemos sobre o "império da desvalorização da vida humana", forjado pelo autoritarismo socioeconômico do capitalismo e da sociedade de consumo de massas por ele engendrada (Caniato, 1997; Martin & Schumann, 1999 e Beinstein, 1999). Seus reflexos excludentes são escamoteados pelos discursos demagógicos e ideológicos dos regimes políticos democráticos atuais. Partimos dos ensinamentos de Theodor Adorno (1965) em A Personalidade Autoritária de que tendências preconceituosas, nem sempre conscientizadas pelos indivíduos, dão sustentação subjetiva a formas de organização conduzentes à barbárie. Trilhando pelos estudos de Adorno, em especial agrupados em suas obras Dialética do Esclarecimento... (1985) e Educação e Emancipação (1995) - interagimos desde outubro de 2000 com a população do Núcleo Social, atravessando com eles o sofrimento psicossocial decorrente da banalização da violência (Arendt, 2000), e da injustiça (Dejours, 1999) sociais e de certas formas de inserção social marcadas pelo fatalismo e pela alienação psicossocial (Martín-Baró, 1987 e Chauí, 1993). A coordenação e os acadêmicos do Curso de Psicologia da UEM participantes deste projeto interagem, semanalmente, com a população do Núcleo Social, levantando questões-demanda que vêm estando vinculadas, principalmente, a sua situação de excluídos. Estas questões são estudadas teoricamente pelos integrantes do projeto e voltam a ser discutidas com a população, não se perdendo de vista a análise contextual e das condições concretas de vida daqueles indivíduos sob as quais estas demandas de compreensão emergiram. Nesta oportunidade é ampliado o conhecimento que nós-eles obtivéramos anteriormente e, assim, ocorre sucessivamente em novos encontros. Pudemos constatar nesta convivência com este grupo, a imersão destes indivíduos nos valores imputados pela sociedade de massa e até certa resistência em estar exercendo a verdadeira cidadania. Como a "consciência do povo daqui é o medo dos homens de lá...", é somente a partir do desenvolvimento da consciência crítica, principalmente, das denominadas "populações de risco" que haverá a ação transformadora da realidade psicossocial (Martín-Baró, 1987).
ASSUNTO(S)
pesquisa-intervenção exclusão social consciência crítica subjetividade cidadã