PERSPECTIVAS DE MULHERES QUE DENUNCIAM O VIVIDO DA VIOLÊNCIA: CUIDADO DE ENFERMAGEM À LUZ DE SCHUTZ / PERSPECTIVES OF WOMEN WHO EXPERIENCED VIOLENCE THE DENOUNCE: NURSING CARE IN THE LIGHT OF SCHUTZ

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/03/2011

RESUMO

A investigação teve como objetivo apreender os motivos para da mulher que realiza a ação de denunciar o seu vivido em situação de violência. Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com abordagem fenomenológica, à luz do referencial teórico metodológico de Alfred Schütz. O cenário foi a Delegacia de Polícia para Mulher e a Delegacia de Pronto Atendimento de um município do interior do Rio Grande do Sul/Brasil. As participantes do estudo foram mulheres da faixa etária dos 18 aos 59 anos que procuram o serviço para realização do registro de ocorrência da violência pelo companheiro. Para produção dos dados, utilizou-se a entrevista fenomenológica, as quais encerraram no 13 encontro empático, quando se percebeu a suficiência de significados. A partir de suas intencionalidades desvelou-se que as mulheres, ao vivenciarem a ação de denunciar, esperam acabar com a situação de violência que elas não aceitam e não aguentam mais. Elas desejam ter paz e poder retomar seus planos e sua vida, com intenção de se separar do companheiro. Elas têm expectativas com relação à necessidade de justiça e de proteção sua e de seu/sua(s) filho/a(s). Ao revelar sua motivação em denunciar, estabelece uma relação de anonimato com seu companheiro, uma vez que a denúncia perpassa pela decisão de romper com costumes que não aceita mais e que lhe causam sofrimento. A partir de suas experiências cotidianas de violência, passam então a questionar o conhecimento do senso comum, que tipifica padrões culturais de grupos sociais e assume uma postura de rompimento com a fórmula típica de perceber a mulher no relacionamento com o companheiro na atitude natural. Desvelou-se que, na relação intersubjetiva com o companheiro, há carência de intercâmbios de pontos de vista, alegando que esse fere seus direitos como pessoa. Respaldadas por uma legislação que coíbe a violência, as mulheres passam a questionar tal situação, não a aceitando mais como um pressuposto e expressam o desejo de não compartilhar mais uma história que vinha sendo construída em comum. As expectativas em relação à ação de denunciar expressam o desejo de conduzi-la até o final, bem como da necessidade de acreditar na justiça e seus desfechos. A intenção da denúncia revela a necessidade de proteger e criar seu/s filho/a(s) livre(s) da violência por eles assistida e por vezes vivenciada. Revelam sua angústia no que diz respeito a estarem vivas para poder cuidar do/a filho/a, uma vez que o companheiro ameaça tirar sua vida. Desse modo, o típico da ação, como perspectiva para a enfermagem, amplia a compreensão do profissional da saúde, que pode melhor direcionar suas ações em saúde, a partir da subjetividade dos sujeitos. Vislumbra-se que o cuidar em enfermagem deve/poderá estar voltado para as perspectivas da mulher em situação de violência, a partir de sua realidade social, inserida no seu mundo, considerando as relações que estabelece, sua história de vida, a fim de reconhecer suas necessidades e demandas em saúde, a partir de uma perspectiva dialógica, com vistas a romper com o ciclo de naturalização e aceitação da violência.

ASSUNTO(S)

philosophy cuidado de enfermagem saúde da mulher violência contra a mulher filosofia pesquisa qualitativa enfermagem womens health nursing care violence against women qualitative research

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