Peritonite bacteriana espontânea: impacto das mudanças da microbiologia
AUTOR(ES)
Almeida, Paulo Roberto Lerias de, Camargo, Nutianne Schneider, Arenz, Maximilhano, Tovo, Cristiane Valle, Galperim, Bruno, Behar, Paulo
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007-03
RESUMO
RACIONAL: A peritonite bacteriana espontânea é uma complicação grave nos pacientes cirróticos com ascite, sendo as alterações das características microbiológicas relatadas nos últimos anos de impacto na escolha do tratamento antibiótico. OBJETIVO: Avaliar as mudanças na epidemiologia e na resistência antibiótica de bactérias causadoras de peritonite bacteriana espontânea em um período de 7 anos. MÉTODOS: Foram avaliados retrospectivamente todos os casos de pacientes cirróticos com peritonite bacteriana espontânea cuja cultura do líquido de ascite foi positiva, sendo estudados dois períodos: 1997-1998 e 2002-2003. Foram verificados os microorganismos mais freqüentes e a sensibilidade in vitro aos antibióticos. RESULTADOS: No primeiro período (1997-1998) houve 33 casos, sendo 3 (9%) com infecção polimicrobiana. As bactérias mais freqüentes foram: E. coli em 13 (36,11%), estafilococos coagulase-negativos em 6 (16,66%), K. pneumoniae em 5 (13,88%), S. aureus em 4 (11,11%) e S. faecalis em 3 (8,33%). Em 2002-2003, houve 43 casos, sendo 2 (5%) com infecção polimicrobiana. As bactérias mais freqüentes foram: estafilococos coagulase-negativos em 16 (35,55%) S. aureus em 8 (17,77%), E. coli em 7 (15,55%) e K. pneumoniae em 3 (6,66%). Nenhum paciente realizava profilaxia para peritonite bacteriana espontânea. A prevalência de S. aureus meticilino-resistentes aumentou, no decorrer desse período, de 25% para 75%, tendo a resistência desse patógeno às quinolonas e a sulfametoxazol-trimetoprim evoluído de 25% para 50%; somente a vancomicina demonstrou atividade absoluta no decorrer do referido período. Da mesma forma, a prevalência de E. coli resistente às cefalosporinas de terceira geração e às quinolonas aumentou de 0% para 16%. CONCLUSÃO: Houve modificação da população bacteriana causadora de peritonite bacteriana espontânea, com freqüência aumentada de microorganismos gram-positivos, bem como houve aumento da resistência aos antibióticos tradicionalmente utilizados. O estudo sugere a provável iminente inclusão de droga eficaz contra gram-positivos no tratamento empírico da peritonite bacteriana espontânea.
ASSUNTO(S)
peritonite infecções bacterianas cirrose hepática ascite
Documentos Relacionados
- Impacto das mudanças da microbiologia na peritonite bacteriana espontânea em três diferentes períodos ao longo de 17 anos
- Peritonite bacteriana espontânea
- Prevalência e prognóstico da peritonite bacteriana espontânea: experiência em pacientes internados em um hospital geral de Porto Alegre, RS, Brasil (1991-2000)
- Características clínicas e laboratoriais da peritonite bacteriana espontânea no sul do Brasil
- Trimetoprima-sulfametoxazol versus norfloxacino na profilaxia da peritonite bacteriana espontânea na cirrose