Perímetro cefálico de crianças das populações remanescentes dos quilombos do estado de Alagoas, segundo adequação estatural, peso ao nascer e exposição ao aleitamento materno. / Head circumference of children from remnant Quilombolas populations of the state of Alagoas according to adequaty linear growth birth weight and expose to brestfeeding.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Objetivo: Investigar se o perímetro cefálico de crianças quilombolas com déficit estatural difere daquela observado em crianças com crescimento linear adequado e se o peso insuficiente ao nascer e o aleitamento materno exclusivo no primeiro mês de vida interfere nessa relação. Métodos: Estudo transversal envolvendo todas as crianças de 12 a 60 meses (n=725) pertencentes às comunidades quilombolas (n=39) de Alagoas. Coletaram-se dados demográficos, socioeconômicos, de saúde e antropométricos. Estes foram comparados às curvas do padrão de referência da OMS-2006. As crianças foram categorizadas em 2 grupos conforme a presença ou não da desnutrição (desnutrida/eutrófica), diagnosticada por meio do déficit estatural (estatura-para-idade <- 2,0 desvio-padrão). Cada grupo foi subdivido em 2 sub-grupos conforme o Peso Insuficiente ao Nascer (PIN <3000g). Finalmente, cada sub-grupo formou duas outras categorias segundo a exposição ou não ao aleitamento materno exclusivo por 30 ou mais dias (mamou/não mamou). Assim, formaram-se oito grupos de estudos, os quais, para a análise estatística, foram expressos como variáveis categóricas ordinais (1 a 8), de modo que o grupo 1 fora formado pelas crianças submetidas às piores condições (desnutridas, com PIN e que não mamaram) e o grupo 8 pelas melhores (eutróficas, com peso adequado ao nascer e que mamaram). A média do perímetro cefálico-para-idade (PC) foi comparada utilizando ANOVA e o teste de Tukey como pos-hoc. Para isso, assumiu-se o grupo 8 como controle. Para investigar os principais fatores de risco associados à ocorrência do déficit de PC (z <-1,5), utilizou-se a análise de regressão logística, mantendo-se no modelo final as variáveis independentes cujas associações apresentaram p<0,05. Resultados: As prevalências de déficits nutricionais para os índices altura-para-idade, peso-para-idade, peso-para-altura e PC foram, respectivamente, 10,8%, 1,9%, 1,3% e 10,5%. O sobrepeso (peso-para-altura >2 DP) representou 6,4%. As médias de escore Z do perímetro cefálico para os grupos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 foram -1,67*, -1,09, -0,97, -0,94, - 1,02, -0,69, -0,68 e -0,53, respectivamente. O grupo 1 foi o único que apresentou diferença estatisticamente significativa (p <0,05) em relação ao grupo controle, sugerindo um papel protetor do aleitamento materno contra a redução do PC, quando da vigência da desnutrição crônica (expressa pelo déficit estatural) em crianças nascidas com PIN, haja vista que a exposição ao aleitamento materno foi o único diferencial utilizado na formação dos grupos 1 e 2. Na análise multivariada, os fatores que se apresentaram significativamente associados ao déficit de PC foram o déficit estatural, o PIN, o sexo feminino e o aumento da idade cronológica em um 1 mês, as quais, elevaram as chances de ocorrência desse desfecho em, respectivamente, 119%, 77%, 63% e 2%. O aumento do tempo de aleitamento materno exclusivo em um mês, reduziram essas chances em 10%. Conclusões: As crianças que apresentam baixa estatura, nascem com peso insuficiente e que não foram expostas ao aleitamento materno exclusivo por pelo menos 1 mês apresentam menores valores de perímetro cefálico, quando comparadas a crianças não submetidas a esses estresses. Nesse contexto, a exposição ao aleitamento materno exclusivo por 30 ou mais dias constitui-se num importante fator de proteção, no sentido de preservar o crescimento do perímetro cefálico e possivelmente, do sistema nervoso central. Apesar de tratar-se de uma população dita tradicional, o tempo médio de aleitamento materno exclusivo ficou aquém do preconizado pela OMS. Diante desses resultados, sugere-se maiores investimentos no sentido de aumentar entre as crianças quilombolas de Alagoas, o período de exposição ao aleitamento materno exclusivo.

ASSUNTO(S)

exclusive breastfeeding perímetro cefálico antropometria peso insuficiente aleitamento materno nutricao head circumference anthropometric statement insufficient birght weight

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