Perfil sanitário de rapinantes de cativeiro e recolhimento em um Centro de Triagem de Animais Silvestres, Belo Horizonte/MG

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/04/2011

RESUMO

Rapinantes são aves importantes do ponto de vista ecológico por ocupar o topo da cadeia alimentar, podendo atuar como amplificadores e carreadores de patógenos. O presente estudo avalia 180 aves de rapina das Ordens Falconiformes (82), Strigiformes (84) e Cathartiformes (14) recebidas pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres de Belo Horizonte, em um período de 21 meses entre 2008 e 2010. Foram realizados testes visando a pesquisa de anticorpos contra agentes infecciosos de importância para a avicultura comercial, assim como à pesquisa por PCR de Chlamydophila psittaci (fígado) e Haemoproteus sp./Plasmodium sp. (sangue), usando protocolos previamente descritos, etiologias de potencial importância para as aves da fauna selvagem. Nenhuma ave foi reagente para Mycoplasma gallisepticum (MG), exceto um Coragyps atratus, 1,53% (1/65), reagente no teste de soroaglutinação rápida, porém negativo em inibição da hemaglutinação. Dois Caracara plancus (2/68), apresentaram titulos de anticorpos (16 e 32) para o vírus da doença de Newcastle no teste de inibição da hemaglutinação. Em nenhuma das 95 amostras de fígado, das três ordens de aves analisadas, foi amplificado por PCR o genoma de Chlamydophila psittaci. Para a pesquisa de hemoparasitos, foram avaliados 89 esfregaços sanguíneos corados (Giemsa) e 82 fragmentos de baço (PCR), sendo 13,5% (12/89) e 8,5% (7/82) positivos, respectivamente, registrando, entretanto, apenas Haemoproteus como o único gênero envolvido em hemoparasitismo nas espécies das três ordens. No entanto, não foram observados sinais clínicos sugestivos de hemoparasitismo. Cento e nove aves (42 Falconiformes, 57 Strigiformes e 10 Cathartiformes) foram avaliadas em necropsia, sendo as lesões traumáticas, decorrentes de interferência humana, a principal causa de admissão e óbito dos animais, caracterizadas em 63,3% (69/109) das aves necropsiadas. As afecções traumáticas mais freqüentes foram as fraturas, observadas em 38,5% (42/109) das aves, sendo as fraturas de membros torácicos mais prevalentes (57,1%). Infecções por helmintos representaram 11% (12/109) dos casos, sendo os nematódeos encontrados em 12,8% (14/109) das aves estudadas, cestódeos em 1,8% (2/109), trematódeos em 0,9% (1/109) e acantocéfalos em 2,7% (3/109). Entre os nematódeos, foram encontrados Ascaridia sp., Porrocaecum sp. e Procyrnea mansioni em Rupornis magnirostris, filarídeo e spirurídeo da subfamília Spirurinae em Asio stygius, Hamatospiculum sp. e Streptocara pectinifera em Tyto alba, Physaloptera acuticauda em Leptodon cayanensis e Tetrameres sp. em Athene cunicularia. Foram encontrados cestódeos em Asio clamator e Rupornis magnirostris e acantocéfalos em Leptodon cayanensis e Asio clamator. Quanto aos ectoparasitos, 9,2% (10/109) das aves apresentavam parasitismo por hipoboscídeos (Pseudolynchia spp.), 17,4% (19/109) por ácaros, incluindo Ornithonyssus sylviarum, em Asio clamator e Amblyomma cajennense, em Tyto alba, e 10,1% (11/109) por malófagos (um exemplar de Strigiformes, seis Cathartiformes e quatro Falconiformes). Infecções por Trichomonas spp. foram observadas em 9,1% (10/109) das aves e Histomonas spp. em 6,4% (7/109), sendo todas em aves Strigiformes. Coccidioses foram encontradas em 9,1% (10/109) das aves, sendo Sarcocystis spp. em Tyto alba (70% - 7/10), a coccidiose e hospedeiro mais freqüentes. Protistas do gênero Histomonas spp. foram encontrados em Strigiformes B. virginianus (1/2), A. cunicularia (1/11), T. alba (3/15) e A. clamator (2/13), nenhum caso observado em Falconiformes ou Cathartiformes e Trichomonas spp. foram detectados em Falconiformes e Strigiformes. Nenhum caso de tricomoníase foi detectado em Cathartiformes. As espécies de Strigiformes parasitadas Trichomonas spp. foram A. cunicularia (1/11), A. clamator (1/13), G. brasilianum (1/6) e T. Alba (1/15) e de Falconiformes foram R. magnirostris (1/17), M. chimachima (1/3), F. femoralis (1/1), F. sparverius (1/5), C. plancus (1/11). Granulomas micóticos foram observados em 6,4% (7/109) das aves. A perda de habitat, urbanização e adaptação de rapinantes ao ambien te urbano parece causar impactos diferenciados aos rapinantes, encaminhados ao CETAS/BH em números crescentes, vítimas de acidentes ou conflitos com a população humana, sendo as espécies com hábitos mais generalistas as recebidas com maior frequência. A infecção por Haemoproteus sp. e ecto e endoparasitismos, especialmente nematódeos e ácaros, devido à ocorrência encontrada, podem representar fatores adicionais de pressão negativa sobre as populações das espécies estudadas. Mais de um quinto das espécies das ordens estudadas catalogadas no Brasil foram registrados neste estudo, caracterizadas principalmente por hábitos sinantrópicos. Por motivos ainda desconhecidos, Strigiformes foi o grupo mais acometido, neste estudo representando-se cerca de 40% das espécies brasileiras

ASSUNTO(S)

ave de rapina doenças teses ave de rapina parasito teses helminto teses. coccidiose em ave teses.

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