Perfil dos pacientes admitidos nos Hospitais de Montes Claros-MG, com Insuficiência Cardíaca, na faixa etária de 0 a 19 anos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) é um sério problema de saúde pública em todo o mundo, impondo considerável ônus previdenciário, de atenção médica e de absenteísmo no trabalho. No Brasil é a causa mais importante de internações por doenças cardiovasculares, responsável por 1,57% das internações pelo SUS na faixa etária abaixo de 20 anos, em 2007. Objetivos: Traçar o perfil dos pacientes com IC na faixa etária de zero a 19 anos que se internaram nos hospitais em Montes Claros-MG; descrever suas características clínicas e sociodemográficas; caracterizar seu manuseio clínico; avaliar sua classe funcional na admissão e alta; e estimar índice de re-hospitalização e curva de sobrevida. Casuística e Métodos: Do dia 1o de abril de 2008 a 31 de março de 2009, 4.757 pacientes na faixa etária de zero a 19 anos, que se internaram nos hospitais de Montes Claros, foram entrevistados buscando identificar aqueles com diagnóstico de cardiopatia. Foram selecionados 131 pacientes com cardiopatia, sendo que 75 destes apresentavam algum sinal e/ou sintoma de IC, ou já se encontravam em tratamento para esta doença. O único critério de exclusão era sua não-concordância, ou de seu responsável, em participar do estudo. Eles foram acompanhados por até seis meses após a alta hospitalar por telefone para avaliação de desfechos. Foram analisados: características sociodemográficas, diagnósticos de cardiopatia e comorbidades, medicamentos mais utilizados e exames realizados, bem como os desfechos (alta hospitalar, transferências, cirurgias e re-hospitalizações) e óbitos, estimando-se curva de sobrevida. Os métodos estatísticos consideraram o valor de 5% (p <0,05) como significante estatisticamente. Para resultados descritivos utilizaram-se frequências e porcentagens para variáveis categóricas; e medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio-padrão) para quantitativas. As comparações basearam-se em tabelas de contingências, testes qui-quadrado com correção de Yates, qui-quadrado de Pearson, exato de Fisher, t-student, Mann-Whitney e MacNemar e estimador de Kaplan-Meier, em programa EpiInfo (versão 3.5.1 de 13/08/2008) e software R (versão 2.10.1 de 14/12/2009). Resultados: Setenta e cinco pacientes foram admitidos com IC, sendo 62,7% do sexo masculino; 68% na faixa etária de zero a seis anos; 44% da cor branca; a maioria proveniente de zona urbana (68,7%) e de outras cidades que não Montes Claros (60%); 58,5% tinham renda per capita =¼ de salário mínimo. À admissão, 66,7% eram portadoras de cardiopatia congênita, 73,6% no estágio evolutivo C da IC, 50% na classe funcional IV e 37,5% na III. A comparação da classe funcional à admissão e alta evidenciou boa resposta ao tratamento. A permanência hospitalar foi, em média, de 12,3 dias, taxa de rehospitalização de 22,7%. A mortalidade hospitalar foi de 6,7% e a mortalidade global foi de 20%, com curva de sobrevida mostrando 89% dos pacientes vivos ao final de 131 dias e 80% ao final de 416 dias. O diagnóstico de IC aumentou em 6,3 vezes o risco de óbito entre cardiopatas. Em 81,9% relatou-se sopros cardíacos, seguido pela hepatomegalia (62,7%) e crepitações pulmonares (40,3%), sendo que as bulhas acessórias foram pouco frequentes. O ecoDopplercardiograma foi realizado em 85,3% dos pacientes e a fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi normal em 81,5% destes pacientes. A furosemida foi o medicamento mais utilizado (72%), com IECAs, digitálicos e espironolactonas constituindo menos de 40% das prescrições. A dobutamina foi prescrita em 24% dos pacientes, a prostaglandina em 16%, os beta- bloqueadores em 5,3%, o sildenafil em 4% e a indometacina em 1,3%. Exames laboratoriais como a ureia, a creatinina, o sódio e o potássio foram dosados em menos de 50% dos casos. Conclusão: Foi possível estabelecer um perfil dos pacientes internados com IC nessa faixa etária. A maioria destes pacientes é portadora de cardiopatia congênita, com fração de ejeção preservada, internando-se em estágio evolutivo C e D e classe funcional III e IV, cuja sintomatologia predominante é a taquidispnéia, a taquicardia, a sudorese, a irritabilidade, o choro fácil, a dificuldade de sucção e ganho de peso, sendo que o sopro cardíaco é o sinal mais freqüente, funcionando como sinal de alerta para a solicitação de avaliações cardiológicas e tratamentos precoces, os quais diferem dos utilizados nos adultos.

ASSUNTO(S)

unidades de internação decs perfil de impacto da doença decs hospitalização decs tese da faculdade de medicina da ufmg avaliação em saúde decs readmissão do paciente decs insuficiência cardíaca decs dissertações acadêmicas decs clínica médica teses. insuficiência cardíaca teses. cardiopatias congênitas decs

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