Percepção do sistema familiar e avaliação de sintomatologia depressiva em mães de crianças autistas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Este estudo teve a proposta de examinar a percepção de mães de crianças e adolescentes com autismo, atendidas em psicoterapia, sobre o funcionamento e suporte familiar, bem como sua sintomatologia depressiva. o suporte familiar foi avaliado em sete dimensões caracterizadas como solução de problemas, comunicação, papéis e funções, receptividade afetiva, envolvimento afetivo, controle comportamental e funcionamento geral da família. O contexto familiar foi entendido dentro do pensamento sistêmico, ou seja, padrões comportamentais que expressam e governam as interações, sendo que o comportamento de um indivíduo do sistema afetará todas as partes e vice-versa. O modelo teórico que descreveu essas interações vê o sistema de forma multidimensional de interação biológica, psicológica e social, sugerindo-se que as famílias desestruturadas exacerbam a doença de crianças biocomportamentalmente reativas e, que a moderação desse fator configura uma familia de adaptação. Esta pesquisa foi composta de duas análises estatísticas, sendo que a primeira abordou inicialmente, uma análise descritiva de 18 casos de mães com filhos autistas, que foram submetidas a um Questionário de Identificação, um Inventário de Avaliação FamiliaT (FAD), e a Escala de Depressão-Beck, seguidos pela análise de correlação de Pearson entre as variáveis. A análise 2 abordou primeiramente uma análise descritiva de 9 controles, pareados com 9 dos casos acima descritos, e posteriormente realizada análise inferencial de Wilcoxon para comparar o grupo de casos e controles, utilizando como nível de significância 0,05. Encontrou-se como resultados na análise 1, correlações positivas entre depressão e eventos estressantes, o que significa que, quanto maiores são as pontuações de depressão, maior a ocorrência de eventos estressantes em mães de autistas. Com relação aos eventos estressantes, solução de problemas, envolvimento afetivo e funcionamento geral da família pode-se afirmar que, quanto maiores as pontuações de eventos estressantes, menos organizada é esta família em seu funcionamento e menores são as habilidades em solucionar os problemas e envolvimento afetivo entre seus membros. Na análise 2, com delineamento caso-controle, não foram encontradas diferenças significantes entre as mães de filhos autistas, atendidas em psicoterapia e mães de filhos assintomáticos, quanto ao funcionamento familiar e depressão, podendo-se hipotetizar, como se refere à literatura sistêmica, que o grupo de mães com filhos autistas tem conseguido um funcionamento e adaptação nos cuidados com seus filhos, criando ao longo do tempo, padrões constantes e repetitivos que funcionam para equilibraro sistema familiar e mantém a homeostase, permitindo que essas mães desenvolvam estratégias de controle pertinentes no cuidado com seus filhos e com toda rede social; apresentando dessa forma menos estresse que as mães de crianças assintomáticas e que não contam com apoio psicoterapêutico

ASSUNTO(S)

depressão autismo familia

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