Pathology of the loneliness: the suicide of bank workers in the context of the new organization of work / Patologia da solidão: o suicídio de bancários no contexto da nova organização do trabalho

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este estudo examinou a ocorrência de suicídio na categoria dos bancários no contexto das reestruturações produtivas que tiveram foco, no Brasil a partir dos anos 1990, com o intuito de entenderem-se as mudanças empreendidas no mundo do trabalho. O quadro teórico dividiu-se em cinco seções, abordando (1) a contextualização social que legitima a lógica da razão instrumental e do cálculo utilitário, sob o signo da organização burocrática, como o valor social preponderante da sociedade capitalista; (2) a evolução e características gerais das principais estruturas de produção modernas, fornecendo uma visão geral das transformações econômicas (modernizações conservadoras) que forçaram as reestruturações produtivas, inclusive as mudanças no setor bancário; (3) o suporte de dominação psíquica da organização sobre o indivíduo, por meio da difusão massificada dos valores da empresa como os valores sociais (imaginário organizacional); (4) os processos relativos ao sofrimento no trabalho, tendo como referência a psicodinâmica do trabalho, as falhas nos mecanismos de mediação ao sofrimento e o processo de adoecimento; (5) considerações gerais sobre suicidologia. Realizou-se pesquisa qualitativa, a partir de três níveis sucessivos e complementares: (a) ideação suicida; (b) tentativa de suicídio; (c) suicídio consumado. Nos dois primeiros níveis foram entrevistados quatro bancários sobre suas vivências relacionadas com as ideações mórbidas e, no terceiro nível, entrevistou-se o irmão de um bancário suicida. Em todos os casos utilizou-se questionário semi-estruturado. Complementarmente requisitaram-se informações estatísticas sobre o absenteísmo no trabalho correlacionado ao suicídio (como transtornos mentais) e sobre a prática auto-extermínio na categoria. As falas representativas dos entrevistados do nível tentativa foram analisadas por meio da técnica de Análise dos Núcleos de Sentidos (ANS) e as dos níveis ideação e caso consumado por meio de Análise Categorial Livre. Os dados estatísticos receberam tratamento de estatística descritiva elementar. Os resultados evidenciaram que as violências e/ou fatores sociais vivenciados no trabalho, como o assédio moral, o isolamento social e o individualismo foram importantes elementos intervenientes na decisão dos pesquisados em idealizar e tentar o suicídio, enquanto o caso consumado decorreu, principalmente, do rompimento com o vínculo afetivo com a empresa. Em média, entre 1993 a 2005, pelo menos um bancário cometeu suicídio a cada 20 dias, estimando-se uma ocorrência diária de tentativa (não consumada) durante todo o período. A humanização das relações de trabalho é apontada como fator indispensável para diminuírem as violências no contexto laboral.

ASSUNTO(S)

suicide, bank workers bancários reestruturações produtivas organization of work organização do trabalho administracao productive reorganizations suicídio

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