Partitioning of food resources among three abundant fishes species (Eucinostomus argenteus, Diapterus rhombeus e Micropogonias furnieri) in Sepetiba Bay / Relações tróficas de três espécies de peixes abundantes (Eucinostomus argenteus, Diapterus rhombeus e Micropogonias furnieri) na Baía de Sepetiba

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O objetivo deste estudo foi determinar as mudanças espaciais, sazonais e ontogenéticas na dieta de três espécies abundantes (Eucinostomus argenteus, Diapterus rhombeus e Micropogonias furnieri) que usam a Baía de Sepetiba como área de recrutamento e criação, visando testar a hipótese de que estariam utilizando variações no eixo trófico como estratégia de coexistência. Dois programas de amostragens realizados durante os períodos do dia e da noite foram realizados: um de arrasto de praia visando à captura dos juvenis em dois diferentes locais da Baía de Sepetiba, a Praia de Itacuruçá localizada mais externamente, e a Praia de Sepetiba localizada mais internamente; e um de arrasto de fundo visando à captura dos subadultos/adultos em três zonas da Baía (Interna, Central e Externa), diferenciadas de acordo com o gradiente ambiental (temperatura, salinidade, profundidade e transparência) de maior a menor proximidade da conexão com o mar. Um total de 2075 estômagos foram analisados, sendo 769 de E. argenteus (489 indivíduos juvenis e 280 adultos), 537 de D. rhombeus (250 juvenis e 287 adultos) e 769 de M. furnieri (483 juvenis e 286 adultos). A análise da dieta ao longo do eixo espacial apresentou variações na composição, refletidas pela exploração dos itens disponíveis em cada área. Nas praias arenosas, áreas de recrutamento, os juvenis utilizaram em geral, itens do zooplâncton, enquanto nas áreas mais profundas, os subadultos/adultos utilizaram itens associados ao substrato. Juvenis de E. argenteus apresentaram como presas principais Apendicularia, Calanoida, Tanaidacea e Polychaeta, enquanto os subadultos/adultos Polychaeta, Harpacticoida e Caprella. Juvenis de D. rhombeus utilizaram principalmente Tanaidacea, Apendicularia, Cyclopoida e Calanoida, enquanto para subadultos/adultos Harpacticoida foi o item mais importante. Juvenis de M. furnieri, capturados somente na praia de Sepetiba, apresentaram dieta basicamente composta de dois itens principais, Cyclopoida e Polychaeta, enquanto que os subadultos/adultos apresentaram Polychaeta sp. 1, Polychaeta, Harpacticoida e Caprella. Mudanças ontogenéticas foram evidenciadas somente para M. furnieri, com os indivíduos com CT <30 mm apresentando Cyclopoida como item principal e após este tamanho Polychaeta passando a ser o item predominante na dieta. Mudanças sazonais na dieta não foram evidentes, embora a abundância das espécies durante as estações do ano seja um indicativo de partição dos recursos, conforme foi observado para M. furnieri e D. rhombeus nas praias. A migração para áreas mais profundas durante o crescimento e a proporção diferenciada dos itens encontrados nos estômagos parece ser a estratégia utilizada pelas três espécies para evitar competição, uma vez que a sobreposição do nicho trófico foi baixa entre as espécies. Apenas M. furnieri e D. rhombeus apresentaram indicações de sobreposição interespecífica biologicamente significativa, devido a semelhanças nas presas principais. A sobreposição intraespecífica foi significativa entre as primeiras classes de tamanho, devido a limitações morfológicas que impedem os juvenis de explorar diferentes presas. Isso pode ser corroborado pelo valor da amplitude de nicho que sempre foi mais baixo nas classes de menor tamanho. A estratégia alimentar generalista é utilizada pelas três espécies, sendo que D. rhombeus apresentou-se mais generalista que as outras duas espécies. Tanto E. argenteus como D. rhombeus 1 apresentaram atividade alimentar diurna, enquanto M. furnieri se alimentou durante todo o ciclo dia/noite. Diferenças interespecíficas e intraespecíficas na dieta e na atividade alimentar proporcionaram a partição dos itens alimentares, reduzindo deste modo o potencial para competição pelos recursos, permitindo assim a coexistência destas espécies na Baía de Sepetiba.

ASSUNTO(S)

dieta diet ecologia trófica trophic ecology ecologia baías bays demersal fishes peixes demersais

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