Parentalidade em tempo de mudanças : desvelando o envolvimento parental após o fim do casamento

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Observa-se que, dentre as diversas tarefas familiares pós-divórcio, provavelmente a mais complexa fique ao encargo dos pais. Estes, que acabaram de separar-se como casal, permanecem unidos pelos laços parentais, compartilhando a tarefa comum de educar os filhos. Porém, pergunta-se: como educar um filho em lares separados? O que facilita e o que dificulta este processo? Qual o envolvimento do pai e da mãe neste contexto? Como os pais combinam os procedimentos educativos (coparentalidade)? Diante disso, este trabalho buscou conhecer as práticas educativas e o envolvimento parental que pais e mães separados/divorciados desenvolvem na educação de seus filhos, bem como compreender como ocorre o exercício da coparentalidade após o advento do divórcio. Para tanto, apoiando-se numa perspectiva ecológica-contextual, realizou um estudo com metodologia mista, através da aplicação do Inventário de Práticas Parentais IPP em 234 sujeitos (pais e mães) e, posteriormente, da realização de dois grupos focais (um com pais e outro com mães). Os resultados do estudo quantitativo evidenciaram que há uma diferença significativa entre o envolvimento parental de pais e mães. As mães demonstraram maior envolvimento que os pais em todas as áreas investigadas (emocional, didático, social, disciplina, responsabilidade). Apesar do maior envolvimento materno, os pais evidenciaram um grande envolvimento social no espaço público e menores dificuldades com a disciplina favorecidas pela não-coabitação com os filhos. A coabitação materna e a freqüência das visitas paternas foram variáveis que se destacaram na relação com o envolvimento parental, juntamente com a ocupação, a escolaridade, a relação com o ex-cônjuge, tipo de separação e o recasamento. Já os resultados do estudo qualitativo, apesar de também apontarem na direção da importância da coabitação para o envolvimento parental, evidenciaram a relevância dos vínculos afetivos pai-mãe-filho para o sucesso ou fracasso da coparentalidade. A indissociabilidade do subsistema parental e conjugal ficou evidente, bem como uma tendência à configuração de um novo cenário pós-divórcio, no qual a mãe sente-se satisfeita com a guarda e o poder que esta lhe confere, enquanto o pai sente-se excluído desta realidade, evidenciando ações e desejo de ser mais participativo

ASSUNTO(S)

psicologia clÍnica relaÇÕes familiares psicologia divÓrcio - aspectos psicolÓgicos pais e filhos

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