Paralisia cerebral e práticas pedagógicas: (in)apropriações do discurso médico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O discurso médico tem influenciado o processo de ensino- aprendizagem, sobretudo, quando professores dele se utilizam como forma de justificar o fracasso de certo número de crianças, fazendo com que a culpabilidade pelo mesmo permaneça com as próprias crianças. Assim, os efeitos do discurso médico no processo escolar, particularmente, que discurso médico sobre Paralisia Cerebral tem chegado às escolas; como ele tem sido apropriado pelo corpo docente e os seus efeitos nas práticas pedagógicas dos educadores, constituem o escopo desse estudo. A abordagem metodológica foi qualitativa, com um modelo de investigação do tipo estudo de caso. Participaram 17 educadores ligados, direta ou indiretamente, ao processo de ensino-aprendizagem de 8 crianças com idades entre 6 e 12 anos, com diagnóstico de paralisia cerebral, em processo de escolarização nos anos iniciais do ensino fundamental e acompanhadas pela Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação na cidade de Belém do Pará. Para a coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com os educadores no início e no término do ano letivo, além de prontuários gerados a partir das visitas escolares realizadas pela equipe da rede Sarah. Os dados foram analisados em três etapas. A primeira diz respeito às entrevistas iniciais. A análise desses dados revelou a inconsistência teórica dos educadores sobre os conceitos de inclusão e paralisia cerebral. Indicou o desconhecimento sobre o diagnóstico das crianças e práticas pedagógicas baseadas em discurso médico e de senso comum que circulam na sociedade, geralmente por meio de mídias. Em segundo lugar, os dados dos prontuários indicam que a interlocução entre os profissionais da saúde e da educação, tendo como foco um objeto comum, no caso, a criança com paralisia cerebral, produziu modificações no discurso dos educadores e em suas práticas. Por fim, a análise dos dados coletados nas entrevistas finais, confirma os achados descritos anteriormente e reforça o processo de subjetivação e de apropriação do discurso médico pelos educadores e o seu uso na elaboração das ações pedagógicas.

ASSUNTO(S)

análise qualitativa decs tese da faculdade de medicina aprendizagem decs dissertações acadêmicas decs ensino decs paralisia cerebral decs relações interprofissionais decs discursos decs criança decs

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