Paradoxos da mudança no SUS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este trabalho discute os paradoxos e contradições associados à implementação do Sistema Único de Saúde num contexto sócio-político marcado pelas expectativas de mudança na condução da política de saúde no Brasil. O objeto de investigação foi a produção discursiva e deliberativa sobre o processo de gestão compartilhada do SUS produzida nas instâncias de pactuação e de controle social, em âmbito nacional. Buscou-se avaliar o significado das decisões produzidas nesse processo, inquirindo se estavam coerentes com as expectativas de mudança na gestão do SUS e se estavam orientadas para a racionalização do sistema. Para tanto, analisou-se a agenda, as decisões e os debates produzidos no Conselho Nacional de Saúde, na Comissão Tripartite e na 12ª Conferência Nacional de Saúde. A análise teve por referência a produção discursiva sobre a reforma sanitária e orientou-se pelo pressuposto de que as mudanças implementadas nesses dois anos não corresponderam às expectativas dos que reclamavam essas transformações. Os resultados do estudo permitiram afirmar esse descompasso entre experiência e expectativa e que, no período estudado, as mudanças na organização e na gestão do SUS não superaram os déficits de racionalidade encontrados e mantiveram um caráter incremental. Avaliou-se que não se conformaram projetos de mudança nos arranjos e nos mecanismos de gestão do SUS e que o conflito federativo e a disputa de interesses no âmbito setorial dificultaram a construção de consensos políticos sobre os rumos da mudança. A necessidade de questionar os discursos e as práticas de gestão vigentes no SUS é apontada como caminho para a construção de alternativas que superem os gargalos e os limites na implementação da política de saúde

ASSUNTO(S)

sistema de saude sistema unico de saude (brasil) politica de saude reforma sanitaria

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