Paracoccidioidomicose: estudo experimental em Calomys callosus

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Paracoccidioides brasiliensis é um fungo termodimórfico causador da paracoccidioidomicose, a mais prevalente micose profunda e sistêmica da América Latina, ocorrendo principalmente no Brasil. Calomys callosus, Rengger 1830 (Rodentia, Cricetidae), é um roedor selvagem encontrado no Brasil Central, que tem se mostrado susceptível a infecção experimental pelo P. brasiliensis. O objetivo deste trabalho foi estudar aspecctos clínico-patológicos desta infecção em C. callosus inoculados com 0,6 x 105 leveduras de P. brasiliensis, cepa Pb18, comparando-o aos camundongos A/Sn e B10.A. Cinco animais de cada grupo foram sacrificados aos 7, 15, 30, 60, 90 e 120 dias pós inóculo (d.p.i.), e fragmentos dos pulmões, fígado e baço foram processados para exame micológico direto, cultura em Mycosel, contagem de unidades formadoras de colônias (UFC), e para exame histopatológico, através das colorações de hematoxilina e eosina, reticulina de Gomori, tricrômico de Masson, metenamina prata de Gomori-Grocott. Sangue foi coletado do plexo venoso orbital para realização de ELISA e dosagem de IgG e IgM específicos anti-P. brasiliensis. Outro grupo, contendo oito animais de cada espécie, foi usado para observação da sobrevida pós-infecção. A mortalidade foi maior em C. callosus, com todas as mortes ocorrendo até os 118 d.p.i. Os níveis de IgM mostraram tendência a elevação nos três grupos avaliados. Os camundongos B10.A e Calomys callosus mostraram tendência a elevação dos níveis de IgG, observada durante o período experimental. Lesões granulomatosas foram observadas nos órgãos analisados dos três grupos de animais testados, constituídos por células gigantes tipo Langhans, células epitelióides, macrófagos, linfócitos, plasmócitos, eosinófilos e necrose. Nos pulmões os granulomas foram mais precocemente observados em Calomys callosus (15 d.p.i.), evoluindo com maior presença de necrose no final do experimento. O fígado mostrou granulomas já aos sete d.p.i. em todos os animais, sendo mais necrosante em Calomys callosus. Padrão semelhante foi observado também para o baço. Em todos os órgãos analisados, as lesões granulomatosas foram mais extensas em Calomys callosus no pulmão e no baço, ocupando aos 90 d.p.i. respectivamente, 90% e 70% dos parênquimas examinados, sendo mais reduzida no fígado. Em relação à avaliação da deposição diferencial de colágeno, observou-se que as lesões em Calomys callosus e B10.A tiveram predominantemente deposição de colágeno tipo III. No fígado e baço dos animais B10.A identificou-se deposição crescente de colágeno tipo I, sem entretanto superar os níveis observados para o colágeno tipo III, até o final do experimento. Nos camundongos A/Sn os níveis de colágeno depositados foram mais baixos, comparativamente aos outros animais, não sendo aparentemente identificados nas lesões pulmonares, mostrando tendência a aumento de deposição de colágeno tipo I, nos períodos finais do experimento, verificado no fígado. Calomys callosus apresentaram maior número de UFC nos três órgãos estudados, especialmente nos pulmões. As proporções de fungos viáveis identificadas nos diferentes órgãos de Calomys callosus foram maiores que aquelas observadas nos outros animais, tendendo a aumento no fígado e pulmões, com o transcorrer da infecção, ocorrendo o mesmo em relação aos brotamentos fúngicos. Conclusões: A infecção experimental produzida pela inoculação de 0,6 x 105 leveduras de Paracoccidioides brasiliensis, cepa virulenta Pb18 produziu a doença no C. callosus, que sob o ponto de vista clínico-patológico foi mais grave e disseminada do que a observada nos modelos murinos de susceptibilidade e de resistência, sobretudo nos pulmões. Calomys callosus pode ser considerado como modelo animal alternativo no estudo da paracoccidioidomicose infecção.

ASSUNTO(S)

calomys callosus fibrose granuloma infecção experimental paracoccidioidomycosis imunologia aplicada fibrosis paracoccidioides brasiliensis experimental infection paracoccidioidomicose granuloma resposta humoral humoral response

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