Paracoccidioidomicose em crianças : apresentação clinica, evolução, seguimento e avaliação da função supra-renal

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A Paracoccidioidomicose é uma infecção causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, que tem distribuição geográfica bem delimitada. Poucos são os casos na faixa etária pediátrica. O objetivo deste trabalho foi de analisar a apresentação clínica, evolução e seguimento de crianças com PCM e avaliar a função da supra-renal em um grupo de dessas crianças relacionando as concentrações hormonais com as manifestações clínicas e laboratoriais. A avaliação da função supra-renal foi realizada com a dosagem basal de cortisol, ACTH, renina, aldosterona e cortisol pós-estímulo com ACTH. Foram estudados 70 episódios de PCM. A proporção meninos: meninas foi de 1,3: 1. A idade variou de 2 a 15 anos (média de 8 +/- 3 anos, mediana de 8 anos). À admissão, a maioria dos pacientes apresentava algum grau de desnutrição protéico-calórica (70%). As principais queixas foram adenomegalia e febre com duração média de 84,3 dias (mediana 60 dias). A maioria (84,2%) dos diagnósticos foi realizada pela biópsia ganglionar. Os achados laboratoriais mais importantes foram: anemia, leucocitose com eosinofilia, hipoalbuminemia e hipergamaglobulinemia. A droga de escolha para o tratamento foi a associação sulfametoxazol-trimetoprina. Ocorreram seis óbitos. Demonstrou-se que a normalização dos exames laboratoriais (hemograma e eletroforese de proteínas) acontece até o sexto mês de tratamento. A avaliação da função supra-renal foi realizada em 23 crianças, sendo oito em fase aguda de doença. As médias (+/- desvio padrão) de cortisol, cortisol pós-estímulo, ACTH, renina e aldosterona foram, respectivamente, 12,88 (+/- 1,35) ?um?g/dl, 30,53 (+/- 2,12) mu g/dl, 23,31 (+/- 1,72) pg/dl, 4,34 (+/- 5,75) ng/ml/h e 118,6 (+/- 98,0) pg/rnl, todos dentro dos limites da normalidade. Nenhum paciente apresentou hipotensão arterial aferida. Em todos os pacientes as dosagens de sódio e potássio séricos foram normais. Três pacientes apresentaram níveis elevados de aldosterona e/ou renina, sendo que esses resultados puderam ser explicados pela hipoalbuminemia e ascite apresentada por um paciente e pela importante hepatite fúngica apresentada pelo outro. Mesmo sendo rara em Pediatria a PCM deve ser lembrada nos casos de síndrome linfoproliferativa febril, em especial, nos casos que apresentam eosinofilia. A associação sulfametoxazol-trimetoprina se mostrou eficaz e o seguimento pode ser realizado com hemograma e eletroforese de proteínas. Os resultados mostram que na população estudada não ocorreu acometimento supra-renal

ASSUNTO(S)

paracoccidioides brasiliensis eosinofilia albumina

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