Para além das fronteiras e dos limites: adolescentes migrantes marroquinos entre desejo, vulnerabilidade e risco

AUTOR(ES)
FONTE

Saude soc.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-03

RESUMO

Este contributo analisa e discute o caso da migração de crianças e adolescentes “não acompanhados” entre Marrocos e Europa, aprofundado e utilizado como caso de estudo no projeto “Antropologia de interfaces” (FCT/CAPES). O trabalho prende-se em particular à análise das formas de atribuir sentido ao mundo e à mobilidade, na tentativa de explorar a construção da vivência dos jovens migrantes na relação entre mundo global e mundos (g)locais de experiência e significado. A perspetiva teórica que inspira esta análise situa-se na interseção entre antropologia, psicologia e estudos migratórios e fundamenta-se no conceito de subjetividade, entendida como forma de orientação ao mundo e incorporação de normas, estruturas de valor e de significado, histórica e politicamente definidas, que influenciam o imaginário e a representação, definindo as maneiras especificas de pensar, agir, falar, sofrer e dar sentido à existência. O estudo salienta como a construção subjetiva dos jovens pós-coloniais e das suas famílias é orientada por um “desejo de modernidade e participação” de matriz global que choca-se com os processos normativos impostos pela nova disciplina das fronteiras europeia, manifesta nos procedimentos burocráticos e administrativos do chamado “acolhimento”. A combinação dessas duas dinâmicas concorre para produzir a experiência de marginalidade e o risco consequente, também em termos de “disponibilidade para ser sancionados”. Nas conclusões enfrenta-se o paradoxo de um processo em que os jovens migrantes são reenviado ao lugar marginal prescrito e que a infração da fronteira tinha tentado transformar.

ASSUNTO(S)

jovens migração marrocos instituições fronteira vulnerabilidade

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