“Para a alma, & para o corpo he a gula o mais mortal peccado”: Discursos religiosos e médicos sobre os entendimentos e os efeitos do consumo alimentar exagerado, Portugal, século XVIII

AUTOR(ES)
FONTE

Varia hist.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-08

RESUMO

Resumo As concepções religiosas e médicas sobre a gula e também sobre seus efeitos são ainda pouco exploradas pela historiografia luso-brasileira que tem se debruçado sobre aspectos como o consumo, a restrição e a interdição de determinados alimentos e bebidas, bem como sobre receituários e a promoção de curas através de misturas de elementos de origem vegetal e animal. Neste artigo, apresentamos e discutimos discursos produzidos sobre a gula divulgados em manuais religiosos e tratados médicos setecentistas, debruçando-nos sobre os diferentes entendimentos que seus autores faziam desse “mortal pecado” e nas aproximações e distinções entre suas percepções sobre os efeitos dos excessos alimentares tanto para o corpo quanto para a alma. Para tanto, analisamos cinco livros religiosos e quatro livros médicos, não necessariamente escritos por portugueses, que circularam em Portugal ao longo do século XVIII. A partir de uma abordagem histórico-cultural, buscamos compreender os significados culturais atribuídos à gula em um universo social coletivamente marcado pela força da crença católica e pelas concepções médicas hipocrático-galênicas, concluindo que as compreensões a respeito do comer desordenado apontavam para interesses médicos na reafirmação de seus saberes sobre saúde e doenças e interesses religiosos na revigoração de uma fé capaz de indicar prejuízos aos caminhos da salvação.

Documentos Relacionados