Pai, mãe e família : concepções de crianças pré-escolares

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

As relações estabelecidas entre genitores e crianças, particularmente as préescolares, têm implicações significativas para o desenvolvimento dos indivíduos. Na família, se refletem mudanças sociais, enquanto também se alteram as concepções pessoais a seu respeito. Vem sendo destacada, na literatura, uma quantidade cada vez maior de mães com filhos pequenos que exercem ocupação remunerada; também são destacados o crescente envolvimento dos pais no dia-a-dia familiar e as implicações dessas posições para a rotina e o desenvolvimento da criança. Nas pesquisas, maior importância tem sido atribuída ao que é família e a quem faz parte dela, especialmente na opinião de participantes adultos. Porém, ainda é escasso e necessário o conhecimento da opinião das crianças, embora elas sejam reconhecidas como participantes ativas nas relações. Portanto esse trabalho teve como objetivo principal compreender as concepções de crianças préescolares a respeito de pai, mãe e família. Participaram do estudo 33 famílias com crianças de 3, 4 e 5 anos: 15 com ambos os genitores exercendo ocupação remunerada (Grupo A) e 18 com o pai exercendo tal ocupação e a mãe desempregada ou do lar (Grupo B). Os instrumentos utilizados foram: (a) entrevista semi-estruturada com a criança: na primeira parte, com auxílio de um cenário contendo dois bonecos extraterrestres e uma espaçonave, cabia à criança explicar-lhes o que era e o que fazia um pai, uma mãe e uma família; na segunda parte, eram apresentadas pequenas histórias com aspectos desses conceitos, a fim de verificar a opinião da criança; e (b) questionário sócio-demográfico respondido pelas mães, visando caracterizar os modos de vida e a rede social das famílias participantes. As informações oriundas de ambos os instrumentos auxiliaram na compreensão de similaridades e diferenças entre os grupos e entre as idades das crianças. Entre os resultados encontrados, as crianças, principalmente do Grupo B, apresentaram maior freqüência de verbalizações a respeito do pai, em seguida, sobre a mãe e, por último, sobre a família; crianças de 5 anos apresentaram algumas definições abstratas, enquanto crianças menores utilizaram expressões mais concretas. Sobre pai e mãe, elas demonstraram compreender mais o que fazem do que o que são; sobre a família, um conceito mais abstrato, as crianças de 3 anos apresentaram maior dificuldade e as de 5 anos (Grupo A) foram as que melhor a definiram, utilizando-se, principalmente, de sua composição por pessoas com relações biológicas, mas também com relações não biológicas. Quanto ao que uma família faz, as crianças identificaram o cumprimento (ou não) de suas funções, como: provedora, cuidadora, socializadora e afetiva, e também alguns hábitos, tendo sido destacada a função socializadora na promoção do contato social, especialmente entre crianças do Grupo B. Considerando a escassez de estudos com foco nas percepções das crianças a respeito da vida familiar contemporânea, este estudo pode contribuir para uma melhor compreensão de sua participação nessa dinâmica.

ASSUNTO(S)

housework crianças pré-escolares concepções de família trabalho remunerado psicologia family conceptions preschool children tarefas domésticas paid work

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