Padrões recentes de inserção e mobilidade no trabalho doméstico no Brasil metropolitano: descontinuidades e persistências

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. estud. popul.

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2019

RESUMO

Resumo Essencialmente feminino, negro e pobre, o emprego doméstico é tratado diferentemente até mesmo pela legislação. Esse artigo tem o objetivo de identificar como o ciclo de vida, geração e outras características individuais da mulher, assim como fatores conjunturais, afetam a chance de estar e permanecer no emprego doméstico remunerado, no Brasil metropolitano em anos recentes. Dados da Pesquisa Mensal do Emprego, de 2002 a 2015, foram utilizados em uma modelagem log-linear de idade, período e coorte das frequências de transição e imobilidade de categorias de ocupação. A conjuntura tem o maior efeito, seguido de coorte. Essa é uma ocupação que está encolhendo e “envelhecendo”: menos jovens estão se tornando domésticas enquanto mulheres mais velhas ocupam cada vez mais espaço, combinando o adiamento da saída do mercado de trabalho com a menor mobilidade ocupacional em uma fase mais avançada da vida. Além disso, existe uma grande influência em ser negra na inserção/mobilidade ocupacional que está mudando entre as coortes. Entretanto, a diferença na probabilidade entre brancas e negras de trabalharem como domésticas permanece constante. Ainda, o emprego doméstico possui maior mobilidade do que os demais, indo contra a noção prévia de “armadilha da ocupação”, sendo a aparente mobilidade devida às características individuais das trabalhadoras.Abstract Essentially female, black/brown and poor, the occupation of domestic worker is treated differently even by the labor legislation. This paper aims to identify how the women’s life cycle, generations, and other individual characteristics, as well as the macroeconomic situation and institutional changes, affect their chances of being and remaining a domestic worker in the metropolitan areas of Brazil in recent years. Data from Monthly Employment Research, from 2002 to 2015, was applied in an age-period-cohort log-linear modeling of the transition and immobility frequencies from employment categories. The conjuncture aspect is the most influential, followed by cohort. This occupation is both shrinking and “getting older” as fewer young women are participating in this labor market while older women take up more space. This is related both to the postponement of retirement and the lowest occupational mobility at a later stage in life. Furthermore, being black/brown is largely influential on insertion and occupational mobility that is shifting across birth cohorts and decreasing overtime, even though the difference in probability for black/brown and white women being domestic workers remains constant. Moreover, domestic work is more unstable than other occupations, contradicting the previous notion of an occupational trap that was in fact due to individual characteristics of workers.

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