Padrões florístico-estruturais, de diversidade alfa e de distribuição potencial de espécies arbóreas entre os domínios do cerrado e da Amazônia / Floristic-structural, alpha diversity and potential distribution patterns of tree species between cerrado and Amazonian domains

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/03/2012

RESUMO

Na América do Sul, há pouco conhecimento sobre as relações florísticas entre Domínios de florestas e savanas. Considerando os Domínios do Cerrado e Amazônico no Brasil e a área de transição entre eles, investigamos os padrões de similaridade e de gradientes (Capítulo 1), de diversidade alfa (Capítulo 2) e de distribuição geográfica potencial (Capítulo 3) da flora arbórea e suas correlações com variáveis ambientais e estruturas espaciais. Aplicamos análises multivariadas, estimativas de diversidade de espécies, modelos lineares gerais e ferramentas espaciais, incluindo análise de autocorrelação espacial e modelagem de distribuição geográfica de espécies, sobre dados florísticos e ambientais em um banco de dados constituído por 90 levantamentos. No Capítulo 1, encontramos que a conexão entre os Domínios ocorre como um gradiente fortemente correlacionado com a precipitação anual, opondo climas pluviais (Domínio Amazônico) a climas continentais (Domínio do Cerrado). As florestas de várzea amazônicas constituem um bloco florístico isolado e a grande área de Transição mostra afinidade florística a ambos os Domínios. A flora tem forte padrão espacial: autocorrelaciona-se positivamente a curtas distâncias e negativamente a grandes distâncias, indicando diminuição da similaridade com o aumento da distância geográfica. O diâmetro do tronco do menor indivíduo incluído na amostra (DMI) também foi uma variável importante para explicar a variação florística. No Capítulo 2, a diversidade alfa correlacionou-se significativamente com variáveis de precipitação e de temperatura, mostrou-se influenciada pelo espaço e apresentou correlação significativa com o DMI. Alguns resultados dos modelos globais foram aparentemente contraditórios com a literatura e decorrem, pelo menos em parte, de variações locais. No Capítulo 3, detectamos que espécies do Cerrado, influenciadas primariamente pela sazonalidade de precipitação, seriam encontradas principalmente na Floresta Semidecídua Atlântica, no sudeste do Brasil, e espécies amazônicas, influenciadas predominantemente por variáveis térmicas, seriam encontradas em outras florestas pluviais do norte e noroeste da América do Sul e em algumas áreas sazonalmente secas, inclusive no Brasil Central, onde predomina o Domínio do Cerrado. As principais conclusões desta Tese foram: 1) A flora arbórea desses Domínios e da transição apresenta forte padrão espacial, que segue um gradiente linear em grande escala separando parte considerável das floras dos dois Domínios. 2) A variação de diversidade alfa não foi significativa entre os Domínios e a Transição, indicando que transições em larga escala não necessariamente representam áreas de maior diversidade que os Domínios adjacentes. 3) Além das variáveis geoclimáticas, o diâmetro do menor indivíduo incluído na amostra também foi um importante preditor dos padrões de similaridade e diversidade alfa ao longo da área de estudo, mas o mesmo não ocorreu com o número de indivíduos amostrados. 4) Conforme alguns autores já haviam indicado, é possível encontrar elevada performance de modelos de distribuição potencial mesmo para espécies com número relativamente baixo de registros (<25). 5) A adequabilidade climática de espécies amazônicas em parte do Domínio do Cerrado suporta a hipótese de expansão da Floresta Amazônica, que ocorreria desde o Pleistoceno e acompanharia as flutuações climáticas de períodos secos e frios a períodos quentes e úmidos.

ASSUNTO(S)

padrão espacial fitogeografia vegetação padrões climáticos spatial pattern phytogeography climatic patterns vegetation

Documentos Relacionados