Padrões de variação genética e morfológica em Monodelphis de listras (Marsupialia: Didelphidae)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/02/2012

RESUMO

Dentre os marsupiais neotropicais da família Didelphidae, Monodelphis americana, M. iheringi, M. umbristriata, M. scalops e M. theresa são conhecidas como catitas de listras. Como o nome vulgar indica, listras dorsais são marcantes no agrupamento, sendo que a descrição das espécies baseou-se na presença e conspicuidade das mesmas, além do tamanho corporal. No entanto, há controvérsias quanto à identificação e validade desses táxons, em função do número pequeno de exemplares conhecidos para algumas espécies e observações acerca da variação na pelagem principalmente quanto às faixas. Enquanto estudos morfológicos até o momento não apresentaram resultados conclusivos em relação a estas questões, estudos genéticos comparativos, que contemplem amostragem abrangente em termos taxonômicos e em relação à área de ocorrência dos táxons, são pouco numerosos. Assim, este trabalho investigou se variações morfológicas e genéticas intra e interespecíficas em populações simpátricas de M. americana e M. iheringi são recorrentes, se os padrões evolutivos encontrados (principalmente em relação ao dimorfismo sexual e ontogenia) se repetem para outras espécies do grupo de listras, qual a função adaptativa das faixas e quais as implicações sistemáticas desta variação. Foi analisada morfologia qualitativa de séries de exemplares de todas as idades e sexos, encobrindo a distribuição geográfica pelo Brasil, além de análises filogenéticas com sequências de citocromo b. Em M. americana, foram recuperados 5 subclados, que são acompanhados por morfotipos diagnosticáveis seguindo gradação latitudinal de distribuição. Dentre estes, 4 subgrupos têm distribuição limitada por cursos de rios e, ainda, identifica-se variação morfológica ligada ao sexo e idade em 2 subgrupos, em áreas onde há sobreposição com outro táxon de listra na região Sudeste. Dados morfológicos e genéticos incluíram M. umbristriata em 1 destes clados, atestando sinonímia com M. americana. Entre M. scalops e M. theresa, a avaliação de todas as fases etárias, descrições originais e dados moleculares, confirmaram sinonímia e disposição limitada ao Sudeste. Em M. iheringi, ambos os sexos mostram-se listrados por toda vida ao longo da distribuição, restrita ao Sul e Sudeste. Ainda, o grupo de listras não é monofilético, pois M. scalops não é filogeneticamente mais próxima à M. americana e M. iheringi. Assim, conspicuidade de listras e rarefação das mesmas são homoplasias, ocasionando convergência morfológica entre jovens das 3 espécies e diferenciação de pelagem nos machos de M. americana e M. scalops na maturação sexual. Provavelmente, listras nítidas nos juvenis auxiliam na evasão de predadores, enquanto seleção sexual direciona perda das mesmas em simpatria visando reconhecimento de pares em relação ao outro táxon.

ASSUNTO(S)

citocromo b morfologia camuflagem evolução marsupial biologia geral

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