Padrões atuais de investimento direto externo: causas subjacentes e algumas implicações para o Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. econ. contemp.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013-12

RESUMO

Uma importante característica da década de 1980 foi a queda substancial no fluxo de investimento direto externo (IDE) para países em desenvolvimento, bem como, com a limitada exceção dos países asiáticos de industrialização recente (República da Coreia, Taiwan, Malásia, Cingapura) e da China, para outros países de industrialização recente, particularmente os situados na América Latina. Mais do que nunca o IDE vem se concentrando entre os países de industrialização mais avançada da OCDE. Esse mesmo período testemunhou um número significativamente grande de importantes mudanças, tanto na natureza quanto na localização das tecnologias básicas ou principais; no papel da tecnologia na competitividade industrial; no mais apropriado paradigma do gerenciamento industrial que sucedeu as dificuldades do paradigma fordista; na natureza das estruturas de mercado e fornecimento predominantes; e nas relações entre o capital produtivo e o financeiro. Hoje vários governos de países em desenvolvimento e de industrialização recente, entre eles o do Brasil, estão novamente engajados na tentativa de atrair IDE e fazer dele um dos principais pilares da revitalização da indústria e do crescimento futuro. Este artigo argumenta que o objetivo de tal política é ao mesmo tempo bastante ilusório e muito equivocado. É bastante ilusório no sentido de que seriamente subestima a natureza e a força dos fatores estruturais que vem atuando desde a metade da década de 1970 e que vem seriamente modificando as estratégias e as prioridades de investimento das corporações transnacionais, as quais assumiram a maioria dos investimentos nos países em desenvolvimento e de industrialização recente no início da "época de ouro" das décadas de 1960-70. O objetivo de atrair novamente capital estrangeiro para o Brasil de maneiras e em patamar similar ao ocorrido na década de 1960 é também largamente equivocado, uma vez que falha em reconhecer que a mudança nos paradigmas tecnológicos modificou os parâmetros das transferências de tecnologia (cf. Ernst and O'Connor, 1989) e tornou o crescimento industrial endógeno e exógeno dependente, em um nível muito mais alto do que em períodos anteriores (1960-1975), de fatores os quais o capital estrangeiro não pode e não irá trazer para ou construir em países que o recebe e os quais devem ser tratados e criados endogenamente.

ASSUNTO(S)

investimento direto externo estruturas de mercado política industrial brasil

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