Pacientes com carcinoma hepatocelular são favorecidos no atual sistema brasileiro de alocação de fígados para transplante. Análise de riscos competitivos

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-02

RESUMO

RESUMO CONTEXTO: No Brasil, o escore MELD (Model for End-Stage Liver Disease) é utilizado para priorizar os pacientes para transplante hepático de doador falecido (THDF). Pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) recebem pontos de exceção padronizados pelo MELD para contrapesar o risco de mortalidade do seu câncer, que não é refletido pelo seu escore MELD. OBJETIVO: Comparar as taxas de THDF entre pacientes com e sem CHC no Rio Grande do Sul, o Estado mais ao sul do Brasil. MÉTODOS: Foram estudados retrospectivamente 825 pacientes em lista de espera de transplante de fígado entre 1 de janeiro de 2007 e 31 de dezembro de 2016 em um centro de transplantes localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, para comparação das taxas de THDF entre aqueles com e sem CHC. Foi estimado o risco variável no tempo de lista de espera/THDF, com relato da taxa de sub-risco (SHR) de lista de espera/THDF/desistência com intervalos de confiança (IC) de 95%. O modelo final de risco competitivo foi ajustado para idade, escore MELD, pontos de exceção e grupo ABO. RESULTADOS: Os candidatos com CHC foram submetidos a um transplante quase três vezes mais rápido do que os pacientes com um escore MELD calculado (SHR 2,64; IC 95% 2,10-3,31; P<0,001). A taxa de THDF por 100 pessoas-mês foi de 11,86 para os pacientes com CHC vs 3,38 para os pacientes sem CHC. O tempo mediano de permanência em lista de espera foi de 5,6 meses para os pacientes com CHC e 25 meses para os pacientes sem CHC. CONCLUSÃO: Nossos resultados demonstraram que, em nosso centro, pacientes em lista de espera com CHC têm evidente vantagem sobre candidatos listados com um escore MELD calculado.

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