Overvaluation of exchange rate and agribusiness: a general equilibrium analysis considering the brazilian productive structure of 1995. / Sobrevalorização da taxa de câmbio e o agronegócio: uma análise de equilíbrio geral com base na estrutura produtiva brasileira de 1995.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Partindo do pressuposto que o agronegócio brasileiro é tipicamente exportador, vários trabalhos, usualmente baseados na análise de equilíbrio parcial, chamaram a atenção para os efeitos adversos das políticas macroeconômicas, que resultaram na sobrevalorização da taxa de câmbio. No entanto, durante o mais recente período de sobrevalorização da taxa de câmbio, ocorrido durante os primeiros anos do Plano Real, a produção agropecuária apresentou ganhos de produtividade, sinalizando a ocorrência de efeitos positivos sobre o setor. Desta forma, o objetivo do trabalho foi analisar o efeito advindo da taxa de câmbio sobre o agronegócio brasileiro, tendo em vista as relações intersetoriais diretas e indiretas características da estrutura produtiva da economia brasileira. Neste sentido, foi adotado um modelo de equilíbrio geral, calibrado para a base de dados de 1995, que foi agregada e desagregada resultando em 32 setores, quais sejam: 9 de produção agropecuária, 9 de produção agroindústrial e 14 outros não-agropecuários e não agroindústriais. Cabe destacar que para aperfeiçoar ainda mais o tratamento de dados visando analisar o agronegócio foi realizado o desmembramento dos setores adubos e defensivos. O efeito da taxa de câmbio sobrevalorizada foi avaliado através da desvalorização da taxa de câmbio nominal, induzida pela alteração exógena do balanço de transações correntes. Os resultados obtidos possibilitaram identificar que o agronegócio brasileiro não foi igualmente afetado pela taxa de câmbio. Percebeu-se que os setores com produção non-tradable, que representavam uma parcela significativa da produção total, foram negativamente afetados pela desvalorização, indicando que a sobrevalorização os beneficiava. As relações intersetoriais evidenciaram o efeito positivo que setores agroindustriais exportadores exerceram sobre os seus fornecedores agropecuários. As agroindústrias de alimentação mais focadas no mercado interno exerceram, por outro lado, menor efeito positivo indireto sobre os fornecedores agropecuários. Além da relação das cadeias do agronegócio, também foi constatado que a desvalorização da taxa de câmbio aumentou os preços dos insumos defensivos e fertilizantes, dada a dependência de matérias-primas importadas desses setores. A elevação de preços de insumos afetou diferentemente os setores agropecuários nontradables e os tradables, uma vez que os primeiros não apresentaram aumento de preços para a produção, resultado este evidenciado pelos termos de troca calculados. Concluiuse a partir de uma série de resultados obtidos pelo modelo, que o agronegócio brasileiro, considerando a estrutura produtiva de 1995, não apresentou reação plenamente positiva em resposta à desvalorização, dada a parcela significativa non-tradable de alguns setores. Com o tratamento obtido através da modelagem multisetorial de equilíbrio geral, possibilitou-se um maior realismo da avaliação dos impactos da taxa de câmbio sobre o agronegócio brasileiro, respeitando-se o grau de relação com o mercado externo de cada setor do agronegócio e dos setores com os quais eles se relacionam. A consideração da significativa parcela non-tradable do agronegócio brasileiro foi um aspecto fundamental de diferenciação em relação à estudos anteriores.

ASSUNTO(S)

política cambial economic equilibrium agronégocio equilíbrio econômico exchange rate policy exchange rate agrobusiness câmbio (economia)

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