Os trajetos do Ãxtase dissidente no fluxo cognitivo entre homens, folhas, encantos e cipÃs: uma etnografia ayahuasqueira nordestina

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O fenÃmeno ritual da bebida xamÃnica ayahuasca revela inÃmeras potencialidades mÃsticas, afetivas e culturais. Nossas urbes contemporÃneas elaboram distintas configuraÃÃes diante do alcance divinal promovido pela ingestÃo de tal infusÃo, oriunda dos antigos povos andinos. O uso do chà expandiu-se nos centros urbanos, por intermÃdio das principais linhas religiosas ayahuasqueiras brasileiras (daimista e udevista), responsÃveis pela propagaÃÃo de suas doutrinas pelo paÃs e pelo mundo, construindo e ajudando a ampliar uma rede de relaÃÃes formada a partir da ritualizaÃÃo deste enteÃgeno. Atualmente, observa-se o surgimento de novos grupos, que reinterpretam e dÃo continuidade à tradiÃÃo, mesmo afastados das instituiÃÃes ditas âoriginaisâ. Estes sÃo os dissidentes, pois seguem um caminho prÃprio na comunhÃo do chà das florestas, permanecendo com a tradiÃÃo, apesar da sÃrie de conflitos e acordos inerentes à legitimaÃÃo de suas aÃÃes simbÃlicas e rituais. O direcionamento dos trabalhos espirituais permanece norteado pelos ensinos doutrinÃrios elaborados pelos antigos mestres daimistas e ou udevistas, relembrados, reelaborados e cotidianamente adaptados Ãs realidades dessas irmandades. A sacralidade da infusÃo continua atuante, de forma que, o alcance divinal promovido pela mesma nÃo foge Ãs atmosferas mÃsticas e ritualÃsticas, de onde emergem padrÃes de consumo, que auxiliam os adeptos tanto no lidar com a experiÃncia de adentrar no mundo da ayahuasca, quanto em tirar proveito dessas jornadas astrais, em prol da reformulaÃÃo contÃnua de atos e conceitos inerente ao contato com o sagrado. Cabe à antropologia urbano-contemporÃnea o registro consciente dessas dissipaÃÃes, no fortuito intuito de desmistificar Ãquilo que se ignora por nÃo se conhecer. Cabe Ãs ciÃncias sociais como um todo tentar acompanhar e compreender o motivo da busca por tais prÃticas, aparentemente distantes, assim como o motivo que leva essas pessoas a se mobilizarem diante da construÃÃo de um novo grupo ayahuasqueiro, conseguindo produzir o prÃprio chà e ajudando, dessa forma, a dar continuidade e amplitude à tradiÃÃo, com responsabilidade, a partir de suas necessidades e realidades materiais e espirituais. Dois nÃcleos nordestinos foram visitados para tal anÃlise etnogrÃfica: a Sociedade Espiritualista UniÃo do Vegetal, localizada no municÃpio de Riacho das Almas (PE) e o Centro de HarmonizaÃÃo Interior EssÃncia Divina, situado em Riacho Doce (AL). Ambos dissidentes, mas derivados das antigas matrizes ayahuasqueiras. Ao longo dessa dissertaÃÃo, direcionaremos nosso olhar tanto à mobilizaÃÃo desses dois grupos, quanto Ãs suas interpretaÃÃes simbÃlicas a respeito dos fenÃmenos presenciados em cada sessÃo ou trabalho, nos quais os fiÃis se reÃnem na comunhÃo desse chà sagrado que, para esses religiosos, à um ser vivo, divino, com poder, vontade prÃpria, exigÃncia e sabedoria

ASSUNTO(S)

ayahuasca- chà e espiritualidade bebidas â rituais e costumes ayahuasca- tea and spirituality transcendence antropologia antropologia brew- rituals and behaviors transcendÃncia anthropology

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