Os tempos verbais na sala de aula de língua portuguesa

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Com o intuito de contribuir para a discussão sobre qual gramática levar para a sala de aula de língua portuguesa, o presente trabalho apresenta uma leitura das propostas de Carlos Alberto Faraco para uma pedagogia da variação e de Carlos Franchi para um trabalho criativo com a gramática, buscando encontrar pontos de contato entre as propostas. Defende-se que a visão de língua mais adequada ao ensino de português é uma visão de língua heterogênea, que comporta uma série de diferentes normas lingüísticas, cada qual com seu lugar social. Essa visão dá acolhida às normas faladas pelos alunos e pretende instrumentalizar os alunos para uma maior mobilidade sociolinguística. Para tanto, entende-se que é necessário que se ensine não somente a norma padrão, entendida com o construto sócio-histórico estabelecido na gramática tradicional, mas também, e principalmente, a norma culta, entendida como as variedades faladas pelos letrados, de nível socioeconômico médio ou maior, habitantes de zonas urbanas, em situações monitoradas de fala. O ensino de gramática compatível com essa visão de língua deve mostrar aos alunos que há na língua uma série de recursos expressivos e que é seu trabalho escolher qual o mais adequado a uma situação concreta de enunciação. Um trabalho de gramática assim compreendido pode dar aos alunos os instrumentos necessários à monitoração de suas escolhas linguísticas e, portanto, exigidos pelo domínio da norma culta. Dado o ponto de vista adotado com relação à gramática, torna-se necessário contextualizar seu ensino. Na sala de aula de língua portuguesa, essa contextualização se dá através do trabalho de produção textual, através da escrita e reescrita dos textos dos alunos. A partir dos pontos defendidos aqui, tenta-se uma descrição dos tempos verbais na norma padrão, uma descrição dos tempos verbais na norma culta, e uma descrição dos tempos verbais na gramática de um livro didático. Chega-se a conclusão de que o livro didático analisado, apesar de timidamente abrir espaço para um trabalho que relacione gramática e texto, ainda, majoritariamente, reproduz a norma padrão dos tempos verbais. Por fim, apresenta-se uma proposta de trabalho com a gramática dos tempos verbais que pretende relacioná-los com os textos dos alunos.

ASSUNTO(S)

grammar ensino de línguas língua portuguesa education verb tenses gramática norma linguística linguistic norms text

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