Os telecursos da Rede Globo: a mídia televisa no sistema de educação a distância (1978-1998

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Ao longo do Século XX, decorrente de inúmeras transformações que abarcam todos os campos, especialmente na área das comunicações, que passam a utilizar mídias eletrônicas e alcançar as massas, repercutem grandes mudanças na concepção da educação. Essas mudanças, acentuadas nas duas últimas décadas, com a disseminação de novas tecnologias e a reestruturação do mercado, a partir da crise dos anos 1970, põem às claras, em novos paradigmas, de um lado, os interesses capitalistas por oferta de força de trabalho massivamente qualificada, capacitada, escolarizada, capaz de promover a produtividade com eficiência/eficácia,concorrente entre si e, por conseqüência, de baixo custo; de outro, trabalhadores, como cidadãos que devem se qualificar não só para adentrar no mercado de trabalho e ascender a melhores posições, como também estar em condições de poder ser empregados nesse novo contexto. Nesse sentido, a Educação a Distância (EAD), passa a ser potencializada como poderoso instrumento de educação de massa e de legitimação desse discurso. Quase sempre usada no Brasil para a educação básica na função de suplência para jovens e adultos, a EAD e/ ou tecnologias de educação a distância são utilizadas pelo sistema de Telecursos da FRM (Fundação Roberto Marinho) através das empresas de comunicação de suas mantenedoras, levando essa modalidade de ensino, pela primeira vez, a alcançar público de massa no Brasil. Constituído, inicialmente pelo capital privado das Organizações Globo e de suas parceiras, sob um discurso dirigido à obra social na educação brasileira, os Telecursos têm, nas suas fases subseqüentes, no financiamento estatal a fundo perdido, grande fonte de recursos e subsídios para a sua expansão e reconhecimento junto à sociedade, nem sempre produzindo o bom desempenho e a eficiência divulgada pelos números da FRM. Reformulado diversas vezes, o modelo teleducativo da FRM, já na sua primeira edição, em 1978, deixava claro suas contradições entre seus discursos e sua prática, evidenciando sua lógica comercial em detrimento do viés social contido em seus documentos. Essa lógica fica particularmente clara, com a implementação de um novo modelo reestruturado a partir de parcerias com o empresariado da indústria e implementado, em 1995, sob o Telecurso 2000. Nesse modelo, deslocavam-se as diretrizes do programa para o mundo do trabalho com o fim de suprir demandas empresariais, ganhava contornos de educação corporativa realizada no espaço do trabalho, e, dessa forma, atendia às aspirações do mercado de trabalho. A proposta focalizava-se nas empresas ou em espaços regionais e segmentos sociais que constituíssem carências por escolarização/ profissionalização, sendo financiadas pelo Governo Federal e pelos Estados com a verba originária da previdência social de trabalhadores.

ASSUNTO(S)

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