Os signos de representação do "eu" e do "outro": A prática da tatuagem carcerária.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Este trabalho é uma reflexão do resultado da pesquisa de campo realizada no Instituto Penal Desembargador Silvio Porto em João Pessoa Estado da Paraíba. A partir de entrevistas livres e direcionadas com os reclusos, foi possível constatar que nos intramuros penitenciário desenvolve-se uma rede paralela de sociabilidade permeada de poder e submissão especificamente diferenciada do poder institucionalizado pelo Estado. A prática da tatuagem carcerária se encontra dentro desse contexto singular. Expressando a subjetividade do indivíduo, a relação de poder e submissão, a construção de uma identidade individual e social e estigma social. A prática da tatuagem carcerária elabora um universo enigmático do mundo da criminalidade. A tatuagem carcerária traz em si uma prática de uso cultural e social delineada pelos conflitos interiores e exteriores na construção da identidade individual e social do indivíduo, estes resultantes das inter-relações sociais. Portanto, essa nova identidade será construída no limiar tênue entre a ruptura brusca da identidade do eu do mundo em sociedade o qual ele vivia e a nova identidade que passa a ser construída a partir da entrada no cárcere, onde, a mutilação do eu acontece a todo instante e em todos os aspectos da vida social. É nesse limiar tênue em que os signos que representam a criminalidade são inscritos á flor da pele. O desenho escolhido e o local a ser tatuado denunciam as características particulares da personalidade de cada indivíduo, um ritual de identificação do apenado enquanto tal. A tatuagem carcerária é reconhecida pelos seus traços grossos e desenhos mal acabados, resultado das técnicas rudimentares utilizadas nas prisões.

ASSUNTO(S)

tatuagem apenados poder identidade individual e social estigma sociologia tattoo inmates power individual identity and social: stigma

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