Os significados de ludoterapia para as protagonistas do processo: crianças em atendimento

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/04/2011

RESUMO

A Ludoterapia, em uma perspectiva Fenomenológico-Existencial, é concebida como um processo psicoterapêutico em que a escuta e a fala, mediadas pelo brincar, possibilitam à criança lidar com o seu sofrimento. Este estudo surge diante da necessidade de ampliar a compreensão acerca desta modalidade de intervenção clínica, enfatizando, para tal, a fala das protagonistas do processo: crianças em terapia. Objetiva-se compreender a Ludoterapia a partir da perspectiva infantil, conhecendo os significados atribuídos ao processo terapêutico, ao psicólogo e à participação das crianças nos atendimentos clínicos. As principais ideias que fundamentam a pesquisa são apresentadas em três capítulos teóricos que abordam, respectivamente, o sofrimento infantil e a demanda por psicoterapia, a psicologia clínica Fenomenológico-Existencial, e a psicoterapia para crianças, no Brasil, no âmbito desta abordagem teóricometodológica. O estudo é qualitativo, de base fenomenológica, e tem como participantes seis crianças na faixa etária entre seis e dez anos, em atendimento ludoterápico há no mínimo seis meses, indicadas pelas próprias terapeutas. Na construção do corpus da pesquisa foram realizados encontros individuais com mediação de suportes expressivos (caixa lúdica e mala de figuras), utilizada uma história incompleta sobre a ida de uma criança à terapia e solicitada a elaboração de um recado a ser transmitido a uma criança que irá ao psicólogo. A análise dos dados foi pautada na variante do método fenomenológico proposta por Amedeo Giorgi. Os resultados revelam um desconhecimento prévio da atividade do psicólogo por parte de crianças encaminhadas à Ludoterapia, as quais, frente à falta de informações, desenvolvem fantasias acerca desta modalidade de intervenção. Tais conteúdos mostram-se condizentes com os significados historicamente atribuídos à psicologia clínica, envolvendo ideias de normalidade e culpabilidade. Os significados associados aos motivos para um encaminhamento ao psicólogo evidenciam o conflito ser um problema versus ter um problema, e uma concepção de psicologia clínica elitizada. As características do processo terapêutico, como as especificidades da relação cliente-terapeuta e a noção de liberdade, são compreendidas pelas crianças. Elas demonstram, ainda, notável prazer no processo terapêutico. Por fim, conclui-se que os significados que as crianças conferem à Ludoterapia mostram-se coerentes com o proposto na literatura sobre o processo psicoterapêutico infantil na perspectiva Fenomenológico-Existencial. Outrossim, ao ouvir as protagonistas do processo ludoterápico, evidencia-se a relevância tanto da experiência vivida pelas crianças no setting terapêutico, quanto dos significados atribuídos por estas ao processo que, transpostos da vivência como clientes para o campo reflexivo, propiciam avanços no tocante à compreensão da psicoterapia infantil e apontam a necessidade de novos estudos com crianças sobre tal temática.

ASSUNTO(S)

existencialismo fenomenologia infância psicoterapia psicologia phenomenology childhood psychotherapy existentialism

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