Os Quilombolas Monarquistas da Jamaica no Mundo Atlântico Britânico, 1740-1800

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FONTE

Varia hist.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2019-04

RESUMO

Resumo Este artigo investiga como uma comunidade de ex-escravos, os quilombolas de Trelawney Town, do norte da Jamaica, sobreviveu à escravidão e ao exílio, aliando-se aos interesses do Império Britânico. A Jamaica, como outras sociedades escravistas do Novo Mundo, produziu fugitivos, e quando esses escravos fugidos estabeleceram comunidades separadas e autônomas de longa duração foram chamados, em inglês, de Maroons e, em português, de quilombolas. O isolamento protegeu os quilombolas jamaicanos da escravidão, mas também os impediu de participar da prosperidade do Império Britânico em expansão. Em 1740, após anos de guerrilha contra a elite colonial, seis grupos quilombolas da ilha assinaram tratados nos quais aceitavam o regime da plantation, optando por usar sua experiência de guerrilha em benefício dos grandes proprietários, e não contra eles. Em troca de sua própria autonomia, tornaram-se caçadores de escravos e impediram outros escravos de estabelecer novas comunidades quilombolas. Porém, décadas de lealdade não evitaram que o maior grupo de quilombolas, o de Trelawney Town, fosse banido. Em 1796, após uma guerra violenta, o governo colonial deportou-os sumariamente para a Nova Escócia britânica. Depois de quatro anos ali, os 550 quilombolas de Trelawney Town foram transferidos para Serra Leoa. Apesar da deportação, eles continuaram a se ver como um grupo privilegiado na Nova Escócia e em Serra Leoa, e fizeram o possível para revitalizar sua lealdade ao rei, para se mostrarem como “amigos úteis” do Império. Suas ações revelam que o monarquismo popular do século XVIII era suficientemente elástico para funcionar sob condições drasticamente modificadas.Abstract This paper explores how one community of ex-slaves, the Trelawney Town Maroons of northern Jamaica, survived slavery and exile by siding with the interests of the British Empire. Jamaica, like other New World slave societies, produced runaways; when these runaway slaves established separate and autonomous long-lasting communities, they were called Maroons. Isolation protected Jamaica’s Maroons from slavery but also prevented them from partaking in the prosperity of the growing British Empire. In 1740, after years of guerilla warfare with the colonial elite, the island’s six Maroon groups signed treaties in which they accepted the planter regime. They chose to use their guerilla experience on behalf of the planter class, not against it. In exchange for their own autonomy, they became slavecatchers, and prevented other slaves from establishing new Maroon communities. But decades of loyalty did not safeguard the largest group of Maroons, the Trelawney Town Maroons, from banishment. In 1796, after a violent war, the colonial government summarily deported them to British Nova Scotia. After four years in Nova Scotia, the 550 Trelawney Town Maroons relocated to Sierra Leone. Despite their deportation, the Maroons continued to view themselves as a privileged group in Nova Scotia and in Sierra Leone, and they did everything possible to revitalize their loyalty to the king, to show themselves as “useful friends” of empire. Their actions show that eighteenth-century popular royalism was sufficiently elastic to function under drastically changed conditions.

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