Os professores diante de um novo trabalho com a leitura: modos de fazer semelhantes ou diferentes?

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo mais amplo investigar as representações sobre o trabalho docente construídas em um texto oral produzido conjuntamente por duas professoras de língua portuguesa, após a realização de uma atividade específica de trabalho. Nela, investigamos se aparecem representações semelhantes ou diferentes nos turnos de cada uma delas e levantamos as características lingüístico-discursivas que contribuem para assinalar diferenças e semelhanças nos procedimentos didáticos. Por isso, evidenciamos os pressupostos teórico-metodológicos do interacionismo sociodiscursivo como fonte de referência maior (Bronckart, 1997/99; 2004c; 2006), associados aos aportes teóricos da Ergonomia da Atividade (Amigues, 2003 e 2004a; Saujat, 2002 e 2004a) e aos aportes teórico-metodológicos da Clínica da Atividade (Faïta, 2004; Clot, 1999; 2004a) para o aprofundamento das questões ligadas ao trabalho educacional. Utilizamos para a complementação do modelo de análise dos dados, tal como sugerido por Bronckart (1997/99; 2004c; 2006) e reformulado por Machado (Machado, 2008/no prelo), alguns procedimentos de Kerbrat-Orecchioni (1990; 1996) e de Charaudeau (1992). Os dados foram coletados em uma autoconfrontação cruzada, cujas verbalizações tiveram como tópico central o ensino da produção escrita do diário de leitura, procedimento didático por nós disponibilizado e aplicado por duas professoras de português em suas aulas de leitura. Para a realização da autoconfrontação, foram filmadas, com cada uma delas, a primeira aula introdutória e, após um semestre, uma aula de discussão de diários produzidos pelos alunos. Nas análises, procuramos observar as características organizacionais, enunciativas e semânticas, em busca de índices que nos revelassem como as professoras se confrontaram com semelhanças e contrastes a partir da observação das atividades realizadas. Essas análises procuraram revelar quais figuras interpretativas do agir as professoras construíram nos textos da autoconfrontação com maior freqüência em relação aos elementos constitutivos do trabalho docente e do agir humano em geral. Os resultados mostram como cada professora vê a atividade da outra e como cada uma reage a esse confronto direto, ou seja, os contrastes apontam o estilo peculiar de cada uma em sua atuação em sala de aula e, com isso, traços do coletivo de trabalho, pois, ao buscarem respaldo nas representações construídas pelo coletivo de trabalho, utilizam diferentes estratégias discursivas para se defenderem das críticas ocorridas entre si, quando estão se comparando. Quanto às semelhanças detectadas, estas apontam para os traços comuns do gênero docente na atividade específica do ensino focalizado ou o real dessa atividade

ASSUNTO(S)

autoconfrontação cruzada interacionismo sociodiscursivo analise do discurso lingua portuguesa -- estudo e ensino trabalho do professor linguistica aplicada professores de lingua portuguesa leitura diário de leitura

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