OS PRIMEIROS CACHORROS: ENCONTROS INTERÉTNICOS E MULTIESPECÍFICOS NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. Ci. Soc.

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/07/2018

RESUMO

Narrativas coloniais que tratam da presença de cachorros europeus nos encontros entre índios e brancos nas Américas frequentemente retratam o papel instrumental desses animais como armas terríveis. Para os colonizadores, assim, cachorros foram eficazes ferramentas de submissão dos povos nativos que encontraram a partir do século XV. No entanto, analisar com atenção as narrativas indígenas de muitos desses primeiros encontros pode mostrar perspectivas distintas, que apresentam cães não apenas como instrumentos de conquista, mas também como agentes, atuando sobretudo como facilitadores do contato entre indígenas e não indígenas. Este artigo explora histórias sobre os primeiros cachorros conhecidos por duas populações nativas no estado de Rondônia (Brasil), com o objetivo de sugerir a agência canina nos encontros interétnicos. Argumenta-se, então, que os primeiros contatos entre indígenas e brancos são eventos que não incluem apenas dois grupos de humanos, posto que as ações dos cachorros têm papel crucial no desenvolvimento das interações humanas. Desse modo, encontros interétnicos podem ser também encontros multiespecíficos.

ASSUNTO(S)

cachorros agência contato indígenas narrativas

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