Os povos indígenas, o turismo e o território: um olhar sobre os Tremembé e os Jenipapo-Kanindé do Ceará / Indigenous people, tourism and territory: an investigation of the Tremembé and the Jenipapo-Kanindé of Ceará state

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/04/2012

RESUMO

Esta tese compara duas situações em que povos indígenas do Nordeste brasileiro foram alcançados por projetos de turismo que se tornaram catalizadores de afirmações étnicas. As situações enfocadas de povos indígenas do estado do Ceará, localizados em municípios das Zonas Costeiras Leste e Oeste assemelham-se, pois esses dois povos sofreram as pressões de grandes consórcios de empresas nacionais e internacionais que visavam se apropriar das Terras Indígenas (TIs) para implantar projetos de turismo em seus territórios tradicionais. O povo Tremembé da Terra Indígena Tremembé de São José e Buriti, distrito Marinheiros, município de Itapipoca, organiza-se como indígena e reivindica seus direitos territoriais ao Estado Nacional por meio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) frente à ameaça do projeto de turismo com capital estrangeiro e apoio do governo brasileiro o Nova Atlântida Cidade Turística, Residencial e de Serviços LT. Este complexo turístico considerado um mega projeto espanhol visa sobretudo os fluxos de visitantes estrangeiros. Este empreendimento tornou-se projeto investigado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), do Ministério da Fazenda, devido os movimentos financeiros supostamente incompatíveis com os seus sócios, conforme anunciam alguns veículos de comunicação. Mesmo assim o povo Tremembé de São José e Buriti sofre pressões de representantes do Nova Atlântida, tentando expropriar suas TIs, consequentemente provocam conflitos entre estes indígenas, em sua maioria, adversos a implantação do Nova Atlântida. Outros, se deixaram cooptar por ofertas financeiras de representantes do empreendimento, resultando em desacordos internos nas quatro aldeias, inclusive entre indígenas de uma mesma família. Na situação do povo Jenipapo-Kanindé da Terra Indígena Aldeia Lagoa Encantada, no município de Aquiraz, este conseguiu a demarcação de sua TI junto à FUNAI. O citado povo indígena impediu a construção do projeto turístico internacional Aquiraz Riviera Consórcio Luso-Brasileiro Aquiraz Investimentos SA em sua TI, e implantou um projeto de turismo comunitário na aldeia apoiado por parceiros da academia, do governo e do terceiro setor. O povo Jenipapo-Kanindé por meio deste projeto de auto-gestão se inseriu na Rede Cearense de Turismo Comunitário (REDE TUCUM). Os Tremembé de São José e Buriti, para resistir a ocupação da sua TI, acionaram a identidade indígena e a afirmação étnica na tentativa de embargar o Nova Atlântida. Os Jenipapo-Kanindé para embargar o projeto Aquiraz Riviera Consórcio Luso-Brasileiro Aquiraz Investimentos SA em sua TI, afirmou a identidade indígena e atualmente se apropria de um projeto de turismo comunitário Educação Integral para a Sustentabilidade e o Desenvolvimento do Turismo Comunitário na Terra Indígena (TI) Jenipapo-Kanindé como meio de vida e manifestação da sua afirmação étnica. Os dois povos indígenas em questão atravessam processos de reelaboração étnica e reivindicam junto aos órgãos governamentais que suas terras sejam reconhecidas como TIs. Nesta discussão do turismo como um vetor da identidade indígena frente às transformações territoriais, as pesquisas qualitativa e quantitativa desenvolvem-se na interface da Geografia e da Antropologia.

ASSUNTO(S)

povos indígenas terras indígenas território, turismo identidade afirmação étnica projetos de turismo geografia indigenous peoples indigenous lands territory, tourism identity ethnic affirmation projects of tourism

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