Os medios e grandes mamiferos de mosaicos em areas de reflorestamentos no Centro-Oeste paulista / The medium and large mammals of mosaics in reflorestations areas in the São Paulo center-west

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A riqueza, composição e abundância da mastofauna de médio e grande porte, em duas áreas de reflorestamentos comerciais da Duraflora S/A, no centro-oeste do estado de São Paulo, foram estudadas entre 2005 e 2007. O objetivo deste estudo foi entender como a fauna de mamíferos utiliza áreas de reflorestamento e o potencial de mosaicos com predominância de monocultura madeireira para a sobrevivência da onça-parda e a conservação da mastofauna silvestre. Estudei dois mosaicos de reflorestamentos de Pinus spp. e Eucalyptus spp., um em Agudos e outro em Lençóis Paulista. O primeiro possui 16.200 ha e a formação predominante dos remanescentes de vegetação nativa é Cerrado. O mosaico de Lençóis Paulista possui 23.085 ha, sendo a principal formação remanescente a Floresta Atlântica Estacional Semidecídua. Em 2005 percorri um total de 303 km nas estradas de terra do mosaico em Agudos e 346 km em Lençóis Paulista, realizando censos de vestígios e georreferenciando-os com um GPS, além de coletar fezes de carnívoros para determinar as suas dietas. Em 2006 e 2007 utilizei parcelas de areia para estimar tanto a abundância, quanto a diversidade de mamíferos de médio e grande porte para futura compararação com outros estudos. Através de entrevistas com funcionários e pesquisa no acervo da empresa, complementei a lista de espécies presentes nos mosaicos. O esforço amostral de parcelas em Agudos foi de 1000 parcelas-noite e em Lençóis Paulista 950. O número de fezes analisadas foi 83 para Agudos e 38 para Lençóis Paulista. Embora estivessem presentes as mesmas dez ordens de mamíferos, em Agudos houve a presença de 31 espécies de 16 famílias, e em Lençóis Paulista 39 espécies de 20 famílias. Apesar do maior numero de registros de Agudos e da menor presença de espécies sensíveis à perda de habitat, principalmente primatas, os índices de similaridade qualitativa de Sorensen (0,69), e quantitativa de Morisita-Horn (0,623) indicaram considerável semelhança entre as áreas. Já o índice de diversidade de Shannon-Wiener, para os mamíferos registrados pelas parcelas nos reflorestamentos, foi significativamente maior (t= 2,07; gl= 67; p<0,02) para Agudos (H10 = 1,12), que para Lençóis Paulista (H10 = 0,99). Porém, em Agudos, as dietas das espécies parecem ser mais especializadas, sugerindo que Agudos possua menor diversidade de espécies de presas, ou maior abundância. Os animais de médio e grande porte mais registrados foram tatus, veados e canídeos. Lagomorfos, tamanduás e procionídeos também estiveram presentes nos reflorestamentos, assim como pequenos roedores não restritos à Floresta Atlântica. Marsupiais também foram freqüentes, ao contrário de espécies que dependem da disponibilidade de frutos como paca, cutia e cateto. Os felídeos apresentaram baixa abundância nos mosaicos, assim como em áreas naturais. A maioria dos mamíferos de médio e grande porte transita pelas áreas de reflorestamento, não ficando restritas às áreas de conservação. Mesmo sendo áreas particulares monitoradas, a fauna está sujeita à atividade de caça e à presença de cães domésticos. O ratão-do-banhado (Myocastor coypus) e o lebrão (Lepus europaeus), espécies exóticas, também foram registrados nos mosaicos, embora o ratão, assim como roedores cosmopolitas, não tenham sido registrados nas análises de fezes dos carnívoros

ASSUNTO(S)

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