Os maus costumes nordestinos : invenção e crise da identidade masculina no Recife (1910-1930)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Neste trabalho, busco analisar nos discursos das elites e dos intelectuais recifenses do início do século XX, as tentativas de criação de um modelo de masculinidade diante dos temores do que foi denominado de "maus costumes". A representação falocêntrica do nordestino está tão bem absorvida, cristalizada no imaginário e subjetivada por nós hoje, que não chegamos nem ao menos a questioná-la. Esta invenção histórica da figura do nordestino, portanto, serviria para combater os "maus costumes" que emergiam com a reurbanização da cidade do Recife. Vários discursos críticos a uma modernidade desenfiado que estaria invadindo a cidade alardeavam sobre a crise das identidades sexuais, ao mesmo instante que serviam para classificar as práticas dos "maus costumes" e difundir o medo de uma "desvirilização da raça". Discutia-se sobre a presença de mulheres que, de costas, pareceriam homens, ou sobre homens resignados e "moles", incapazes de assumir velhos papéis sociais ditos como típicos de seus antepassados. Homens " efeminados" e"mulheres viragos" que para a intelectualidade recifense não representariam mais o tempo áureo de uma região constituída e habitada apenas por homens de fibra, verdadeiros "cabras-machos"

ASSUNTO(S)

individualidade masculinidade (psicologia) comportamento sexual identidade sexual

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